Fim
da estrada
Já
não sei em que ponto dessa história me perdi para poder te achar, meu bem. Só
sei que já sinto a sua falta, mesmo sem ter tido a sua presença algum dia.
Sinto, desde o momento em que te coloquei em algum lugar entre o meu
travesseiro e meus pensamentos, onde venho te buscando constantemente, ansiosa
por um sorriso seu, que me faça ter certeza de que minha vida ficou muito mais
bonita, desde o momento que você chegou. Sinto sua falta por querer sentir, e
porque tenho medo, de que eu não possa te ver outra vez… Sinto sua falta porque
te idealizei, te inventei. Criei gestos e formas que você nunca teve. E sabe, o
mundo ficou melhor assim. O MEU mundo ficou melhor assim.
Acho
que erramos. Algumas coisas devem continuar como são, e seria melhor se você
não tivesse entrado na minha vida desse jeito. Desculpe as palavras
atravessadas, cavalheiro. A culpa continua sendo nossa. A mim, assusta pensar
que, talvez, não mais verei o reflexo rubro do meu próprio rosto em seus óculos
circulares toda vez que você aparecia; ou rir do seu sotaque engraçado. Assusta
acreditar que seu tempo por aqui se foi… Você não volta, meu poeta. Essa
estrada teve fim.
Me
dê a mão como da última vez. Olhe para mim como se só eu existisse. Envolva-me
em um abraço apertado e me prenda em carinhos descompromissados… Pois me
encanta sua voz, me fascina o negro dos seus cabelos, que combinam lindamente
com seus olhos. Deixa que eu exista pelo menos por alguns segundos em um sonho
teu, e dance comigo até cansar, em meio a passos mal ensaiados, aquela melodia
que tantas vezes admirou tocada serenamente no piano.
Talvez,
eu não tenha tempo de te explicar porque eu sempre esperei alguém que nunca
chegou, e que na verdade, era você que eu sempre esperei. Mas talvez, não tenha
explicação. Essa deveria ser a melhor estação do ano, e no entanto, o gosto
ainda é amargo. Não deixe o café esfriar… Volte antes!
Não
vou mais te encher de perguntas moço, e ver você ficar nervoso com cada uma delas.
Não mais. Dessa vez, eu prometo. E talvez algum dia eu te prove, que eu sou
mais do que alguém querendo mudar o mundo sozinha, e que não sou uma personagem
qualquer, perdida em textos sobre um moço de cabelos cacheados e músicas dos Beatles. Será? Talvez eu seja mesmo.
Talvez eu seja essa revolução toda.
Quero
hoje, meu bem, ouvir uma música que não dói. E acreditar, que no cantinho
daquela folha, você leu meu telefone em caligrafia caprichada, e resolverá
ligar algum dia, nem que seja apenas para dizer que teve um bom natal, e que se
lembrou de mim, quando alguém te perguntou sobre uma poesia que gostava, ou
sobre alguma música do Los Hermanos.
Agora,
feche os olhos e sinta… O verão chegou, meu bem. Finalmente.
(
C. Chriss - 21/12/2012 – 19:50h )