Peço desculpas, moço, por não ser sobre você
dessa vez... Foi preciso. Mas deixa estar...
De olhos abertos
Ela dançava
com as pedras,
E voava sozinha
nas horas vagas.
Nunca
imaginou que tudo pudesse ser tão colorido e tão diferente lá de cima.
Seus
pensamentos estavam ali. Todos…
E ela os
podia alcançar quando quisesse.
Uma mulher
lhe oferecia ajuda,
Seu rosto
lembrava alguém,
E suas
roupas eram feitas de limões.
Então
estendeu a mão
Mas ninguém
a pegou, estava sozinha de novo.
Uma árvore
flamejante lhe dava conselhos:
“Não feche os olhos menina!”
E tropeçou
sem querer,
No coração que
alguém ali deixou.
Ela
costumava achar os corações que as pessoas não queriam mais
E recolhia,
Para o caso
de precisar trocar o seu…
Em uma das
trocas, mergulhou no abismo que era a própria consciência,
E de lá não
pode mais voltar…
Descobriu um
mundo negro
Tão negro,
que não notava os medos,
E nem as
pessoas que ali falavam sem mover a boca
E de repente
teve certeza que ali devia ficar.
Talvez
quisesse ter pulado de um trem em movimento,
Pois
preferia o mundo preto e branco de agora.
Mas pediu
pra descer na última estação,
Com lágrimas
nos olhos e vontade de voltar pra casa…
Nunca mais
voltaria.
Às vezes
mentia,
Dizendo que
não havia conhecido o colorido
E que nunca
havia voado sozinha.
Uma mulher
de rosto conhecido bateu nas suas costas,
Ela estava
no abismo também,
As roupas
eram limões,
E tinha mãos
de fogo.
Ouviu a
mulher sussurrar em seu ouvido:
“Não feche os olhos menina!”
E antes de
fazê-lo, a viu se transformar em árvore,
E sentiu o
frio chegar de repente.
Desejou que
as mãos de fogo a tocassem,
Mas o frio
ali era eterno.
Aceitou
então de boa vontade que o frio a envolvesse,
Não sabia de
onde conhecia,
Nunca mais
sentiu falta da alegria
E então viu
que era diferente:
Tudo o que
ela queria era virar a cabeça
E ver o
mundo ao contrário pelo menos uma vez,
Sabendo que
era só virar de novo, e ele invertia.
Talvez
quisesse mesmo era ver o mundo do avesso,
Onde pudesse
fechar os olhos tranquila,
E pudesse
admitir que voava porque gostava.
Onde ela se
cuidasse, se curasse,
E as coisas
girassem mais, porque gostava dessa sensação.
Onde pudesse
ver o preto sobre o preto
E o branco
sobre o branco.
Onde as
pessoas mexessem a boca ao falar,
Onde fosse
sempre noite,
E a loucura
fosse considerada normal…
Quem vai
dizer?
Talvez ela
agora só quisesse voltar à vida,
E desejasse
não ter fechado os olhos tão depressa.
(C. Chriss –
12/01/2013 – 03:29h)
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