Não precisa
esperar mais, moço. Sua resposta chegou…
"Ahh
moço… Há tanto tempo não escrevo…
Você não ligou, e eu entendo. Juro que
não esperei que ligasse. Afinal, você nunca liga... Mas confesso que também não
esperei receber uma carta com sua letra rabiscada, que conheço tão bem. Sabe,
queria que estivesse ficado. Ficado para que eu olhasse em seus olhos, nem que
fosse pela última vez antes de você partir de novo; para que eu tocasse o seu
rosto, e perdesse a cabeça por um instante, dizendo que senti sua falta, para
logo depois me arrepender como sempre. No entanto, a carta estava lá, no meio
da sala que a cada dia fica mais vazia; e de você, ainda nem sei. Talvez hoje
você seja só um antigo amor, vacilando entre alguém especial que conheci em uma
dessas estradas na tentativa de fugir de você, ou quem sabe, fugir das nossas próprias
mentiras.
Sei que entrou em nossa casa como antes:
A minha promessa de trocar as fechaduras ainda não foi cumprida, assim como
tantas outras. E me envergonho disso. Não sei se ainda quero esperanças, meu
bem. Guarde-as inteiramente pra você. Não sei se ainda acredito no que você
diz…
Dói
saber que meu sorriso não tem mais você. Talvez seja mesmo tarde demais pra
pensar que te amei mais que a mim… Nosso amor era de mentirinha, e meu maior
erro foi demorar perceber. Afinal, se me ama, por que vive entre todas essas
idas e vindas? Fiquei imaginando se teria lido os versinhos e poeminhas que
ainda estão jogados por aqui… Já não sei dizer se são seus. Mas penso que
estava ocupado demais, para se preocupar com meus rabiscos sem coesão. É melhor
mesmo que tenha retomado a estrada. E por favor, não se sinta obrigado a
voltar. De verdade. Vem se tiver vontade, quando tiver vontade… Vem quando der.
Acho que o que sente é arrependimento...
Então
deixa, que guardo aqui, debaixo do travesseiro.
Então
deixa, que aqui tem arrependimento de sobra pra nós dois…"
(
C. Chriss - 20/02/2013 – 01:34h )