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domingo, 22 de setembro de 2013

Para uma amiga, com carinho...

Ps.: Não é sobre você dessa vez, moço... 



Como o tempo passa depressa.

Como costumam dizer nossos avós, depois dos 15 anos a gente fica velho o tempo voa e a gente acaba querendo voltar a ser criança.
É com essa reflexão que começo esse texto, que tem nome, sobrenome e endereço.

É difícil entender a minha cabeça a cabeça de um jovem. Há um tempo atrás, eu tinha certezas que hoje não tenho mais. Amores que achava que seriam para sempre… amizades que eu tinha toda a certeza do mundo que seriam eternas. Ah as amizades! Tantos sorrisos pelos cantos daquele chão quadriculado… quantas vezes aquelas paredes nos viram tocar nossos violões “gemidos” violão e sorrir, entre uma joia rara e outra, sem nos preocupar com o dia que viria depois. Sem nos preocupar com o fato de que estávamos crescendo amadurecendo, e as coisas logo mudariam. E então o tempo passa, e eu vou embora os amigos vão embora. Coisa estranha é essa nossa vida! Tão estranha, que às vezes chego a pensar que seja injusta. Passamos os dias pensando em quando voltaremos… se tudo estará no mesmo lugar. Se as pessoas serão as mesmas… se as amizades estarão nos esperando. Se quando estivermos velhinhas, ainda teremos uma à outra, pra rir e lembrar do passado. Medo cruel que se concretiza! Antes de dormir, faço uma prece: onde quer que estejam esses antigos amigos, que estejam bem. Me permito as vezes ser egoísta: por favor, que pensem um segundo ao menos em mim!
Ah! Ainda temos um recurso… como eu não havia pensado nisso antes! Vivemos na era digital. Somos a chamada geração Y/Z! Esperaremos todos ficarem online e… e… nossas conversas não costumavam ser assim. É o afastamento que a internet causa, claro; só isso. É apenas essa impressão de distância que me fere a alma, nada mais, tenho certeza. Vamos tentar mais uma vez! (…) Oh! Não respondeu… Acho que vou deixar um recado perguntando o que está havendo… bem, melhor não. Quero o contato! Quero ver seus olhos… quero a emoção de te rever e te dar um abraço apertado, carinhoso!
Mas, está tudo tão diferente aqui… O olhar das pessoas é duro… Ah Deus! Quanta tristeza! Não me reconheço mais… Não me reconheço mais aqui. Não me olhe assim! Está esmagando meu coração…
Volto e revolto. O que aconteceu com as pessoas? O que aconteceu comigo?
O abraço não é mais o mesmo…

- Oi! Tudo bem?
- Sim. E você?
- Também!
(silêncio)
- Ótimo! Nos vemos por aí… qualquer dia.
- Certo! Até qualquer dia!

Não! O que houve com a nossa amizade? Éramos tão íntimas! Tão íntimos!
Ei! Espere! Por que a pressa? Quero saber como estão seus dias! Quero saber como anda a sua família! Quero saber como está sua irmã! Se você encontrou o amor da sua vida… se acordou bem… se tem comido direitinho… se alguém está ao seu lado para secar suas lágrimas, para te abraçar apertado e te aconselhar quando for preciso… se você tem escrito coisas novas, se tem alguém que possa contar, quando precisar desabafar; se tem novos sonhos, se tem passeado… se encontrou novos amigos, se tem pensado um pouco em mim, se tem sentido minha falta…
Enfim… o tempo anda curto, não é? Sim, eu entendo. Nos vemos por aí! Algum dia. Mas enquanto isso, o que faremos?
Ei! Espere! Não vá ainda… é tão cedo! Deixa eu te abraçar mais uma vez e te beijar no rosto! Esperei tanto tempo para matar essa saudade! Será que ainda se lembra das nossas conversas? Será que ainda se lembra de quando nos falamos pela primeira vez? De tudo o que aprendeu e me ensinou? Afinal, não faz tanto tempo assim… ou será que faz? É verdade, eu me lembro… faz mesmo muito tempo. Ahhh… que voz linda você tem! Cante pra mim deixa eu chorar ouvindo você cantar aquela canção que a gente costumava tocar juntas... Como assim? Você não se lembra mais?
Ah! Por favor, não se espante… está tudo bem comigo, juro. Essas lágrimas nos meus olhos são saudade… saudade do nosso tempo de amizade, que a vida a cada dia leva pra mais longe. Chorarei hoje, escondida… sozinha. E você não saberá que é por sua causa. Melhor assim…
Mas não há problema! Vou me virando como posso. Tenho nossas fotos… e tenho minhas lembranças. Algumas coisas não podemos mudar, por mais que a gente queira… e eu aceito isso.

E chego à conclusão de que nossos avós estão certos.
Quantos amigos eles já devem ter deixado pelo caminho durante toda a vida? Quantas pessoas especiais o tempo já separou até hoje… talvez esse seja o nosso tempo. E por isso digo, injusto! Vida injusta essa nossa. E logo depois me arrependo… Injusta sou eu, que a culpo. A vida não tem culpa… Todos mudamos com o passar do tempo, e é natural que coisas que nos eram importantes antes, virem apenas detalhes. Sabe, ouvi dizer que isso passa… ouvi dizer, que esse aperto no peito melhora com o passar dos anos. Assim espero. Assim acredito. E é com lágrimas nos olhos, que digo que dessa vez demoro a voltar não que isso seja importante.
       
Até qualquer dia... Ou não.


( C. Chriss – 22/09/2013 – 02:15h )

terça-feira, 10 de setembro de 2013

É inverno no mundo...

É inverno no mundo...



E quanto tempo adiei a escrita desse texto… e quanto tempo adiei tudo mais o que eu pude adiar. Mas a manhã hoje foi barulhenta demais, meu bem, e no fim do dia, você não estaria aqui para fazer tudo cessar.
        Então, permita-me voltar no tempo mais uma vez! E não se espante se as palavras se repetirem… os sentimentos por aqui, querido, continuam os mesmos.

Hoje o vento canta e a chuva cai diferente lá fora… É forte e trás saudade. Acompanhou-me até aqui sorrateiramente, proposital. Queria fazer fundo para a minha tempestade interior… Agora ambas as tempestades se encontram, se conversam, e parecem rir de como eu aparento não me reconhecer mais.
        O abajur desenha formas que sei de cor. Poderia descrever com detalhes cada uma delas se quisesse. As paredes agora são um cômodo pequeno, cada vez mais apertado, diante de todas as coisas que não levarei comigo… Inclusive você. Em cada canto encontro um sorriso, um coração, um sentido. Hoje tudo me é tão comum! Mas ao mesmo tempo, não tem mais a minha cara… Estou onde costumávamos conversar e rir de nós mesmos, discutindo nossos assuntos casuais, e nos sentindo importantes. E realmente éramos! Importantes um para o outro, e só a gente sabia.
        Os rituais foram cumpridos dia a dia… mas para mim, agora em todas as noites a lua parece triste. Não quero mais que ela seja testemunha das minhas lágrimas que caem, pensando que talvez, em algum lugar, outra pessoa possa estar descrevendo suas manias, assim como eu costumava fazer. Saiba que aqui, ninguém sabe me bagunçar tanto e me inundar por completo como você faz!
        Mas é tarde… preciso ir embora.
        Preciso ir embora de mim mesma! Estou partindo… sinto muito.
        O inverno aqui, chegou bem antes, amor.

        Hoje, nenhuma música me acalmou… a vitrola vai ficar.
        Nenhum vento tocou o meu rosto.
        Nenhum espelho quis refletir a imagem de tristeza que trago comigo desde que você se foi.
        Nada ajeitou o meu cabelo. O violão foi guardado sem uma corda, com a promessa de que nunca mais seria tocado, se cada acorde não fosse para você.
        Meu sorriso nunca mais foi tão espontâneo.
        A lua, meu bem, não apareceu. O silêncio dói, e eu juro, que todas as palavras não ditas, eu entendi.
        Os pensamentos parecem caber em uma caixinha, e estão espiando lugares que eu ainda não descobri. E nem sei se quero…
        Meu telefone nunca mais tocou…

        Aos poucos, fui deixando de ser eu… fui guardando cada disco velho em uma caixa, e a vitrola tem tempo certo pra sumir. Não me importo… não levarei nada disso. Procurarei não voltar… tem muita coisa aqui que quero esquecer.
        A questão é que fui embora sem saber que meu coração já havia ido bem antes de mim. Ele foi em um dia de agosto - um dia de gosto - em que você me aqueceu a alma. E eu sorri, não tão sincera, com as lembranças que encharcavam claramente a mim desde aquele dia. Lembranças de algo que não merecia acabar assim... E hoje ainda permanecem perdidas, em meio a pensamentos de como as coisas poderiam ter sido diferentes.
        Mas, meu amor, eu vou escrever para você de novo… vou escrever com todo o meu carinho, e tudo vai ficar bem. Escreverei amanhã. Ou talvez depois… Daqui a um mês ou três. Desculpe… talvez eu realmente nunca escreva.
        Sabe, a nossa vida é mesmo estranha! Às vezes fazemos promessas que não podemos cumprir. Quando pensamos que temos o controle de tudo, as coisas se esvaem. Mas só que, dessa vez, eu desisto de viver em um mundo sem você. Porque toda vez que olho o céu e encontro a lua, lembro do nosso triângulo, e me permito sorrir por um instante, fazendo uma prece para que um dia você volte. E volte pra mim… e volte pra sempre. Então, volta, meu bem, porque com esse mundo todo a gente se entende! Mas hoje não, hoje é a gente que tem que se entender… para que a vida se renove, fique cada vez mais bonita… e que venha a primavera!



(C. Chriss – 14/07/2013 – 03:05h)

Convite

Sei que falei demais, e me expressei de menos. Sei que senti muito, e agi mal em não deixar você perceber. Talvez seja tarde… e moço, eu realmente quero que saiba que eu ainda sinto muito.


Com o céu colorido de laranja, a noite aqui parece dia. Frio… Os primeiros pingos de chuva aparecem de mansinho, e se misturam carinhosa e cuidadosamente com as lágrimas que caem do 4º andar. Estive tão perto, e isso é estranho… Juro que já nem acreditava mais na gente. Então, permita que eu volte no tempo: Um convite, um cartão, uma semana, uma mensagem, cinco meses, um novo ano… Segunda-feira, 13 de maio. Café quente para dois, por favor! A conversa será longa… longa e feliz.
        Reencontrei seus cabelos cacheados e os óculos circulares, e lembrei-me do quanto eu adorava escrever sobre você. São bobagens, eu sei… faz tempo. Sorri com o pensamento de que nunca mais encontrei cabelos tão lindos quanto os seus, e com a lembrança de que perdi a conta de quantas vezes já escrevi essa mesma frase. Soube que a noite te agrada, e o som que escuto vem de um violino que arrisquei imaginar por alguns segundos.
        Mais um café, por favor! Ou melhor, dois! Hoje é um dia especial e a conversa se prolonga… nunca esperei tanto por uma sexta-feira. Que infelizmente, não chegou.
        Agora a chuva faz barulho, e começa a sacudir levemente a janela… nunca havia me parecido tão bonita! Saio dos meus pensamentos para perceber que daqui a alguns minutos será outro dia. Você não veio hoje. Não veio ontem… Não veio durante todo o mês. Não apareceu mais. E eu esperei, moço. Esperei todas as noites que você aparecesse… Ainda não me acostumei com a sua ausência constante por aqui; e sabe, não me faz bem sentir sua falta.
        Com a chuva caindo lá fora, faço uma prece: “Ah… mesmo que seja só por hoje, traga meu amor”. E mais uma vez, dei um sorriso de canto para mim mesma, acompanhado de um pensamento bobo de que talvez, em algum lugar dessa cidade grande que vejo da janela, você estivesse sentindo essa chuva na alma, e pensando no quão diferente ela está agora… De qualquer forma, peço desculpas: Não espere que as minhas palavras façam sentido, meu bem; e por favor, não as sinta em seu coração. Não me fale do café, da vitrola, e de sua partida. E, se de fato voltar, apenas conte-me como foi o seu dia, conte-me das noites passadas e dos sonhos que teve… fale de mitologia, que te contarei então que vi uma estrela caindo, e te revelarei meu pedido, ainda que você já saiba. Prometo não dizer que senti sua falta, que tudo aqui ainda é seu, e que eu nunca esqueci a sua linda boina azul…
        Então, já é tarde… e outro dia.
        Que durma bem, querido… com essa chuva linda e salgada que cai hoje de companhia. E a propósito, sobre a estrela, falei seu nome baixinho… e pedi para que, onde quer que você esteja agora, esteja pensando em mim e em voltar pra casa. Afinal, amor, já é inverno outra vez…


( C. Chriss – 28/06/2013 – 00:15h )