Como o tempo passa depressa.
Como
costumam dizer nossos avós, depois dos 15 anos a gente fica velho o
tempo voa e a gente acaba querendo voltar a ser criança.
É com essa
reflexão que começo esse texto, que tem nome, sobrenome e endereço.
É difícil
entender a minha cabeça a cabeça de um jovem. Há um tempo atrás, eu
tinha certezas que hoje não tenho mais. Amores que achava que seriam para
sempre… amizades que eu tinha toda a certeza do mundo que seriam eternas. Ah as
amizades! Tantos sorrisos pelos cantos daquele chão quadriculado… quantas vezes
aquelas paredes nos viram tocar nossos violões “gemidos” violão e sorrir,
entre uma joia rara e outra, sem nos
preocupar com o dia que viria depois. Sem nos preocupar com o fato de que
estávamos crescendo amadurecendo, e as coisas logo mudariam. E então o
tempo passa, e eu vou embora os amigos vão embora. Coisa estranha é essa
nossa vida! Tão estranha, que às vezes chego a pensar que seja injusta.
Passamos os dias pensando em quando voltaremos… se tudo estará no mesmo lugar.
Se as pessoas serão as mesmas… se as amizades estarão nos esperando. Se quando
estivermos velhinhas, ainda teremos uma à outra, pra rir e lembrar do passado. Medo
cruel que se concretiza! Antes de dormir, faço uma prece: onde quer que estejam
esses antigos amigos, que estejam bem. Me permito as vezes ser egoísta: por
favor, que pensem um segundo ao menos em mim!
Ah! Ainda
temos um recurso… como eu não havia pensado nisso antes! Vivemos na era
digital. Somos a chamada geração Y/Z! Esperaremos todos ficarem online e… e… nossas conversas não
costumavam ser assim. É o afastamento que a internet causa, claro; só isso. É
apenas essa impressão de distância que me fere a alma, nada mais, tenho
certeza. Vamos tentar mais uma vez! (…) Oh! Não respondeu… Acho que vou
deixar um recado perguntando o que está havendo… bem, melhor não. Quero o
contato! Quero ver seus olhos… quero a emoção de te rever e te dar um abraço
apertado, carinhoso!
Mas, está
tudo tão diferente aqui… O olhar das pessoas é duro… Ah Deus! Quanta tristeza! Não
me reconheço mais… Não me reconheço mais aqui. Não me olhe assim! Está
esmagando meu coração…
Volto e
revolto. O que aconteceu com as pessoas? O que aconteceu comigo?
O abraço
não é mais o mesmo…
- Oi! Tudo bem?
- Sim. E você?
- Também!
- Ótimo! Nos vemos por aí… qualquer dia.
- Certo! Até qualquer dia!
Não! O que
houve com a nossa amizade? Éramos tão íntimas! Tão íntimos!
Ei! Espere!
Por que a pressa? Quero saber como estão seus dias! Quero saber como anda a sua
família! Quero saber como está sua irmã! Se você encontrou o amor da sua vida…
se acordou bem… se tem comido direitinho… se alguém está ao seu lado para secar
suas lágrimas, para te abraçar apertado e te aconselhar quando for preciso… se você
tem escrito coisas novas, se tem alguém que possa contar, quando precisar
desabafar; se tem novos sonhos, se tem passeado… se encontrou novos amigos,
se tem pensado um pouco em mim, se tem sentido minha falta…
Enfim… o
tempo anda curto, não é? Sim, eu entendo. Nos vemos por aí! Algum dia. Mas
enquanto isso, o que faremos?
Ei! Espere!
Não vá ainda… é tão cedo! Deixa eu te abraçar mais uma vez e te beijar no
rosto! Esperei tanto tempo para matar essa saudade! Será que ainda se lembra
das nossas conversas? Será que ainda se lembra de quando nos falamos pela
primeira vez? De tudo o que aprendeu e me ensinou? Afinal, não faz tanto tempo
assim… ou será que faz? É verdade, eu me lembro… faz mesmo muito tempo. Ahhh…
que voz linda você tem! Cante pra mim deixa eu chorar ouvindo você cantar
aquela canção que a gente costumava tocar juntas... Como assim? Você não se
lembra mais? …
Ah! Por
favor, não se espante… está tudo bem comigo, juro. Essas lágrimas nos meus
olhos são saudade… saudade do nosso tempo de amizade, que a vida a cada dia
leva pra mais longe. Chorarei hoje, escondida… sozinha. E você não saberá que é
por sua causa. Melhor assim…
Mas não há
problema! Vou me virando como posso. Tenho nossas fotos… e tenho minhas
lembranças. Algumas coisas não podemos mudar, por mais que a gente queira… e eu
aceito isso.
E chego à
conclusão de que nossos avós estão certos.
Quantos
amigos eles já devem ter deixado pelo caminho durante toda a vida? Quantas
pessoas especiais o tempo já separou até hoje… talvez esse seja o nosso tempo.
E por isso digo, injusto! Vida injusta essa nossa. E logo depois me arrependo…
Injusta sou eu, que a culpo. A vida não tem culpa… Todos mudamos com o passar
do tempo, e é natural que coisas que nos eram importantes antes, virem apenas
detalhes. Sabe, ouvi dizer que isso passa… ouvi dizer, que esse aperto no peito
melhora com o passar dos anos. Assim espero. Assim acredito. E é com lágrimas
nos olhos, que digo que dessa vez demoro a voltar não que isso seja
importante.
Até
qualquer dia... Ou não.
( C. Chriss
– 22/09/2013 – 02:15h )