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terça-feira, 10 de setembro de 2013

É inverno no mundo...

É inverno no mundo...



E quanto tempo adiei a escrita desse texto… e quanto tempo adiei tudo mais o que eu pude adiar. Mas a manhã hoje foi barulhenta demais, meu bem, e no fim do dia, você não estaria aqui para fazer tudo cessar.
        Então, permita-me voltar no tempo mais uma vez! E não se espante se as palavras se repetirem… os sentimentos por aqui, querido, continuam os mesmos.

Hoje o vento canta e a chuva cai diferente lá fora… É forte e trás saudade. Acompanhou-me até aqui sorrateiramente, proposital. Queria fazer fundo para a minha tempestade interior… Agora ambas as tempestades se encontram, se conversam, e parecem rir de como eu aparento não me reconhecer mais.
        O abajur desenha formas que sei de cor. Poderia descrever com detalhes cada uma delas se quisesse. As paredes agora são um cômodo pequeno, cada vez mais apertado, diante de todas as coisas que não levarei comigo… Inclusive você. Em cada canto encontro um sorriso, um coração, um sentido. Hoje tudo me é tão comum! Mas ao mesmo tempo, não tem mais a minha cara… Estou onde costumávamos conversar e rir de nós mesmos, discutindo nossos assuntos casuais, e nos sentindo importantes. E realmente éramos! Importantes um para o outro, e só a gente sabia.
        Os rituais foram cumpridos dia a dia… mas para mim, agora em todas as noites a lua parece triste. Não quero mais que ela seja testemunha das minhas lágrimas que caem, pensando que talvez, em algum lugar, outra pessoa possa estar descrevendo suas manias, assim como eu costumava fazer. Saiba que aqui, ninguém sabe me bagunçar tanto e me inundar por completo como você faz!
        Mas é tarde… preciso ir embora.
        Preciso ir embora de mim mesma! Estou partindo… sinto muito.
        O inverno aqui, chegou bem antes, amor.

        Hoje, nenhuma música me acalmou… a vitrola vai ficar.
        Nenhum vento tocou o meu rosto.
        Nenhum espelho quis refletir a imagem de tristeza que trago comigo desde que você se foi.
        Nada ajeitou o meu cabelo. O violão foi guardado sem uma corda, com a promessa de que nunca mais seria tocado, se cada acorde não fosse para você.
        Meu sorriso nunca mais foi tão espontâneo.
        A lua, meu bem, não apareceu. O silêncio dói, e eu juro, que todas as palavras não ditas, eu entendi.
        Os pensamentos parecem caber em uma caixinha, e estão espiando lugares que eu ainda não descobri. E nem sei se quero…
        Meu telefone nunca mais tocou…

        Aos poucos, fui deixando de ser eu… fui guardando cada disco velho em uma caixa, e a vitrola tem tempo certo pra sumir. Não me importo… não levarei nada disso. Procurarei não voltar… tem muita coisa aqui que quero esquecer.
        A questão é que fui embora sem saber que meu coração já havia ido bem antes de mim. Ele foi em um dia de agosto - um dia de gosto - em que você me aqueceu a alma. E eu sorri, não tão sincera, com as lembranças que encharcavam claramente a mim desde aquele dia. Lembranças de algo que não merecia acabar assim... E hoje ainda permanecem perdidas, em meio a pensamentos de como as coisas poderiam ter sido diferentes.
        Mas, meu amor, eu vou escrever para você de novo… vou escrever com todo o meu carinho, e tudo vai ficar bem. Escreverei amanhã. Ou talvez depois… Daqui a um mês ou três. Desculpe… talvez eu realmente nunca escreva.
        Sabe, a nossa vida é mesmo estranha! Às vezes fazemos promessas que não podemos cumprir. Quando pensamos que temos o controle de tudo, as coisas se esvaem. Mas só que, dessa vez, eu desisto de viver em um mundo sem você. Porque toda vez que olho o céu e encontro a lua, lembro do nosso triângulo, e me permito sorrir por um instante, fazendo uma prece para que um dia você volte. E volte pra mim… e volte pra sempre. Então, volta, meu bem, porque com esse mundo todo a gente se entende! Mas hoje não, hoje é a gente que tem que se entender… para que a vida se renove, fique cada vez mais bonita… e que venha a primavera!



(C. Chriss – 14/07/2013 – 03:05h)

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