Sei
que falei demais, e me expressei de menos. Sei que senti muito, e agi mal em
não deixar você perceber. Talvez seja tarde… e moço, eu realmente quero que
saiba que eu ainda sinto muito.
Com
o céu colorido de laranja, a noite aqui parece dia. Frio… Os primeiros pingos
de chuva aparecem de mansinho, e se misturam carinhosa e cuidadosamente com as
lágrimas que caem do 4º andar. Estive tão perto, e isso é estranho… Juro que já
nem acreditava mais na gente. Então, permita que eu volte no tempo: Um convite, um cartão, uma semana, uma
mensagem, cinco meses, um novo ano… Segunda-feira, 13 de maio. Café quente
para dois, por favor! A conversa será longa… longa e feliz.
Reencontrei seus cabelos cacheados e os
óculos circulares, e lembrei-me do quanto eu adorava escrever sobre você. São
bobagens, eu sei… faz tempo. Sorri com o pensamento de que nunca mais encontrei
cabelos tão lindos quanto os seus, e com a lembrança de que perdi a conta de
quantas vezes já escrevi essa mesma frase. Soube que a noite te agrada, e o som
que escuto vem de um violino que arrisquei imaginar por alguns segundos.
Mais um café, por favor! Ou melhor,
dois! Hoje é um dia especial e a conversa se prolonga… nunca esperei tanto por
uma sexta-feira. Que infelizmente, não chegou.
Agora a chuva faz barulho, e começa a
sacudir levemente a janela… nunca havia me parecido tão bonita! Saio dos meus
pensamentos para perceber que daqui a alguns minutos será outro dia. Você não
veio hoje. Não veio ontem… Não veio durante todo o mês. Não apareceu mais. E eu
esperei, moço. Esperei todas as noites que você aparecesse… Ainda não me
acostumei com a sua ausência constante por aqui; e sabe, não me faz bem sentir
sua falta.
Com a chuva caindo lá fora, faço uma
prece: “Ah… mesmo que seja só por hoje, traga meu amor”. E mais uma vez, dei um
sorriso de canto para mim mesma, acompanhado de um pensamento bobo de que
talvez, em algum lugar dessa cidade grande que vejo da janela, você estivesse
sentindo essa chuva na alma, e pensando no quão diferente ela está agora… De
qualquer forma, peço desculpas: Não espere que as minhas palavras façam
sentido, meu bem; e por favor, não as sinta em seu coração. Não me fale do
café, da vitrola, e de sua partida. E, se de fato voltar, apenas conte-me como
foi o seu dia, conte-me das noites passadas e dos sonhos que teve… fale de
mitologia, que te contarei então que vi uma estrela caindo, e te revelarei meu
pedido, ainda que você já saiba. Prometo não dizer que senti sua falta, que
tudo aqui ainda é seu, e que eu nunca esqueci a sua linda boina azul…
Então, já é tarde… e outro dia.
Que durma bem, querido… com essa chuva
linda e salgada que cai hoje de companhia. E a propósito, sobre a estrela,
falei seu nome baixinho… e pedi para que, onde quer que você esteja agora,
esteja pensando em mim e em voltar pra casa. Afinal, amor, já é inverno outra
vez…
( C. Chriss
– 28/06/2013 – 00:15h )
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