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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cinco meses

Cinco meses


  Lá se vão cinco meses… e você não voltou.
        É estranho, eu sei. É estranho até para nós, que nos acostumamos facilmente com tudo o que é estranho. Mas dessa vez, eu não tive notícias suas. Nenhuma. Nenhum telefonema, carta, bilhete. Ninguém veio me dizer que te encontrou por aí, nas mesmas estradas de sempre, com o olhar atento e procurando por algo que eu não sei o quê.
Eu não sei de você…
Ninguém sabe.
        Mas de qualquer forma, querido, eu tentei te encontrar; e há cinco meses, eu sabia exatamente onde te achar. Voltei lá, mesmo com a certeza de que o nosso destino daria um jeito qualquer de te levar para longe de mim mais uma vez, afinal, era o que sempre acontecia. De certa forma, não sei se acredito em destino, mas o fato é que você não estava, e eu já devia saber. Cada canto ali, me lembrou de tudo o que eu sempre fiz para você me notar. Os bancos ainda continuam no mesmo lugar… a vaga de estacionamento, o lugar onde você costumava sentar e conversar com os amigos. Ah… parecia que estava tudo tão certo! Mas sei que você é das idas e vindas, amor. Sei que você é da estrada, é da fuga, é da distância. Ainda assim, não acredito. Não sentiu minha falta ao menos uma única vez? Nunca chegarei a saber. Mas apesar de todo o orgulho - que você sabe que no fundo eu tenho - senti sua falta. Sofri cada sorriso que você não me deu. Chorei cada palavra que você não me disse. Amei cada fio do seu cabelo cacheado, e me entristeci com o pensamento de que talvez eu nunca mais vá te ver. Odiei cada lembrança boa que você deixou; porque elas me atormentam amor, tiram meu sono, me engasgam em palavras que talvez eu nunca vá chegar a dizer. E como eu tenho coisas para te dizer! Como eu queria só mais uma chance, pra poder te olhar de novo, e tentar fazer tudo diferente. Pra poder te dizer que hoje, o que mais importa é a gente se entender, se querer, se amar. E olha que a gente se entende, amor! A gente sempre se entende. Me perdoe pelo descuido da sua partida… Volta, e eu não te deixo partir nunca mais.
        Porque a primavera chegou, moço, nossa estação… e agora é fria. É fria porque não tem mais a gente discutindo o que é liberdade, e nem você me contando casos antigos naquele banco, sem perceber que eu poderia ficar dias e dias ali, e que minha atenção continuaria presa em você, no seu jeito de falar e de sorrir calmamente. Mas olha, eu volto, prometo. Um dia eu volto pra te procurar novamente, pra te abraçar apertado e te levar pra casa. Prometo.
        Meu…
        Meu poeta… meu escritor… meu amor.


( C. Chriss – 30/09/2013 – 23:45h )

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