Cinco
meses
Lá se vão cinco meses… e você não voltou.
É estranho, eu sei. É estranho até para
nós, que nos acostumamos facilmente com tudo o que é estranho. Mas dessa vez,
eu não tive notícias suas. Nenhuma. Nenhum telefonema, carta, bilhete. Ninguém
veio me dizer que te encontrou por aí, nas mesmas estradas de sempre, com o
olhar atento e procurando por algo que eu não sei o quê.
Eu não sei de você…
Ninguém sabe.
Mas de qualquer forma, querido, eu
tentei te encontrar; e há cinco meses, eu sabia exatamente onde te achar.
Voltei lá, mesmo com a certeza de que o nosso destino daria um jeito qualquer
de te levar para longe de mim mais uma vez, afinal, era o que sempre acontecia.
De certa forma, não sei se acredito em destino, mas o fato é que você não
estava, e eu já devia saber. Cada canto ali, me lembrou de tudo o que eu sempre
fiz para você me notar. Os bancos ainda continuam no mesmo lugar… a vaga de
estacionamento, o lugar onde você costumava sentar e conversar com os amigos.
Ah… parecia que estava tudo tão certo! Mas sei que você é das idas e vindas,
amor. Sei que você é da estrada, é da fuga, é da distância. Ainda assim, não
acredito. Não sentiu minha falta ao menos uma única vez? Nunca chegarei a
saber. Mas apesar de todo o orgulho - que você sabe que no fundo eu tenho -
senti sua falta. Sofri cada sorriso que você não me deu. Chorei cada palavra
que você não me disse. Amei cada fio do seu cabelo cacheado, e me entristeci
com o pensamento de que talvez eu nunca mais vá te ver. Odiei cada lembrança
boa que você deixou; porque elas me atormentam amor, tiram meu sono, me
engasgam em palavras que talvez eu nunca vá chegar a dizer. E como eu tenho
coisas para te dizer! Como eu queria só mais uma chance, pra poder te olhar de
novo, e tentar fazer tudo diferente. Pra poder te dizer que hoje, o que mais
importa é a gente se entender, se querer, se amar. E olha que a gente se
entende, amor! A gente sempre se entende. Me perdoe pelo descuido da sua
partida… Volta, e eu não te deixo partir nunca mais.
Porque a primavera chegou, moço, nossa
estação… e agora é fria. É fria porque não tem mais a gente discutindo o que é
liberdade, e nem você me contando casos antigos naquele banco, sem perceber que
eu poderia ficar dias e dias ali, e que minha atenção continuaria presa em
você, no seu jeito de falar e de sorrir calmamente. Mas olha, eu volto,
prometo. Um dia eu volto pra te procurar novamente, pra te abraçar apertado e
te levar pra casa. Prometo.
Meu…
Meu poeta… meu escritor… meu amor.
( C. Chriss – 30/09/2013 – 23:45h )
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