Quarta laranja
Do
alto vejo o que ninguém vê.
Do
alto tudo é tão frágil, tão irreal…
Do
alto, toco a sua alma; vejo o mais profundo o quanto pode ser o espírito
humano, o tão complexo, o tão impossível. Imagino silenciosa e entristecida o
que há por trás de cada montanha, procurando motivos para explicar outros
motivos.
Em
mim, o sentimento que habita não tem nome. É só um vazio intenso e extenso, que
quero preencher com cada parte do seu vazio, com cada ideia e pensamento seus,
e com tudo o que você não quiser. Porque mesmo sem saber, o pássaro que
sobrevoou nós dois foi eternizado, mas agora pousa triste na palma da minha
mão, parecendo padecer sentindo a sua falta. E ali ficará, eu sei, aprisionado
nas desesperanças que inventamos, na gaiola que se tornou as linhas de um
abraço mal resolvido, sobrevoando agora apenas sonhos, em um dia que
ironicamente terminou como tela de cinema, e que não passou nosso filme. O
pássaro nunca mais será o mesmo… e nós também não.
Resumimos
o desfazer do sonho em uma única conversa de incertezas e talvez, inverdades.
Eu
esquerda, você direita.
Eu
água, você óleo.
Norte
e Sul. Eu entendo.
(…)
Sorrio.
Uma
lágrima cai antes que eu perceba… tudo bem. Tudo bem mesmo. E pensar que eu
ainda me perguntava se gostava de você.
Coração
que dói… mais um dia se passa e tudo continua comum.
Não
pra mim.
Não
hoje.
Do
alto tudo parece tão mais simples… tão mais lindo do que pode ser a realidade.
Tão
calmo… quase inumano.
Tão
injusto…
Tão
eu e você.
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