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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rio Preto e Branco - Poeminha

Rio Preto e Branco

Com o coração ainda acelerado, a chave gira na fechadura
estou de volta.
Os passos ansiosos levantam o assoalho castigado pelo tempo
O velho apartamento nunca esteve tão vazio.
O vento passa assobiando
Bate portas e janelas, sobe por minha espinha
Em algum lugar, a noite é calma. Aqui não.
Não é calma mas é bonita.
Da janela, a escuridão é imponente.
Uma árvore jaz triste sem as suas folhas,
Agora, livres por aí.
O medo visita com o vento, o céu esbraveja.
Já posso ouvir os pingos tímidos lá fora
Que horas são?
A solidão aqui é crua, mas hoje o gosto é doce.
No apartamento, há mais pensamentos que nos acordes de violão.
Nos poeminhas, a melancolia de sempre. Eu gosto.
No olhar uma espera contínua. Você não percebeu.
É mais escuro aqui sim! Bem aqui, dentro do peito!
Ser sozinha me assusta de um jeito que não preciso.
Um clarão… água caindo lá fora.

Não quero escrever hoje não.
Não quero cantar hoje não.
Quero fingir ser poeta não, gostar mais não,
E a noite continua bonita.



(C. Chriss – 03/12/2013)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Quarta laranja

Quarta laranja


Do alto vejo o que ninguém vê.
Do alto tudo é tão frágil, tão irreal…
Do alto, toco a sua alma; vejo o mais profundo o quanto pode ser o espírito humano, o tão complexo, o tão impossível. Imagino silenciosa e entristecida o que há por trás de cada montanha, procurando motivos para explicar outros motivos.
Em mim, o sentimento que habita não tem nome. É só um vazio intenso e extenso, que quero preencher com cada parte do seu vazio, com cada ideia e pensamento seus, e com tudo o que você não quiser. Porque mesmo sem saber, o pássaro que sobrevoou nós dois foi eternizado, mas agora pousa triste na palma da minha mão, parecendo padecer sentindo a sua falta. E ali ficará, eu sei, aprisionado nas desesperanças que inventamos, na gaiola que se tornou as linhas de um abraço mal resolvido, sobrevoando agora apenas sonhos, em um dia que ironicamente terminou como tela de cinema, e que não passou nosso filme. O pássaro nunca mais será o mesmo… e nós também não.
Resumimos o desfazer do sonho em uma única conversa de incertezas e talvez, inverdades.
Eu esquerda, você direita.
Eu água, você óleo.
Norte e Sul. Eu entendo.
(…)
Sorrio.
Uma lágrima cai antes que eu perceba… tudo bem. Tudo bem mesmo. E pensar que eu ainda me perguntava se gostava de você.

Coração que dói… mais um dia se passa e tudo continua comum.
Não pra mim.
Não hoje.
Do alto tudo parece tão mais simples… tão mais lindo do que pode ser a realidade.
Tão calmo… quase inumano.
Tão injusto…
Tão eu e você.

( C. Chriss – 21/11/2013 – 01:31h ).

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Outubro… as flores voltaram, você voltou

Outubro… as flores voltaram, você voltou


                                                               
E quando eu pensei que a gente já não “se cabia” mais, você apareceu. Depois de tantos meses, você apareceu. Depois de palavras que guardei, e jurei não mais dizer, você apareceu… Com o mesmo sorriso lindo de sempre, com os cabelos cacheados que me inspiram, em meio a poemas de Drummond e flores trocados, e com o jeito de quem se importa com coisa nenhuma. Tudo o que eu tinha era uma foto sua, e saudade… saudade… coragem.
        Agora, finjo que não te procurei. Que não inventei desculpas para o hoje se realizar. Que não contei os dias que se arrastaram, para ver meu plano de te ter aqui comigo dando certo. Quanto tempo, amor! Quanto tempo… sorrio mesmo sabendo que você não vai ficar. Todas as minhas promessas foram descumpridas… chorei quando aquela música me tocou a alma e me lembrou você. Sorri com cada parte sincera do meu corpo, quando naquele bilhete veio gravado o seu nome. E eu prometi para mim mesma que eu não queria mais. Por que será que eu não consigo simplesmente te esquecer? Tantas vezes minhas preces foram dirigidas ao acaso… queria te ver apenas mais uma única vez, e explicar que o universo não existe sem a gente. Queria esbarrar com você por aí, e perceber que você ainda me encanta, me motiva, me cura dessa angústia sem tamanho que habita em mim desde que você saiu do meu mundo. Por favor, não some mais assim… volte pra me ver; liga, canta… Volte pra falar das mesmas coisas… Volte pra cuidar de construir o que ainda não tivemos tempo.
        Você gosta de ser lembrado, e eu sei. Não te esqueci nem por um segundo, desde a sua última partida. Confesso que tinha esperanças de que voltasse naquela data tão importante. Mas ela se foi, e eu guardei tudo o que eu tinha de presente; inclusive todo o carinho que eu trago dentro do peito. Hoje você volta, mas sei que mais cedo ou mais tarde, a estrada será seu rumo novamente. Você é dela, e não meu… você é da partida; e eu, da solidão. Mas eu entendo… entendo e não aceito. O que temos em comum é a melancolia… e isso, distância alguma vai mudar. Segure as minhas mãos, olhe nos meus olhos: e diz pra mim que a gente não nasceu pra dar certo!


( C. Chriss – 29/10/2013 – 01:37h )

domingo, 27 de outubro de 2013

Transição

Poeminha de canto de página...


Transição



Caminho apressada, buscando algo em mim que ainda valha a pena.
Buscando alguma razão para acreditar que posso tentar mais uma vez.
Cidade adormecida, calada.
Mãos trêmulas… Alma compactada, quietinha… silenciosa.

Caminho apressada, o pensamento é um só.
Coração batendo tão depressa quanto pode,
O céu que se abre sobre mim é testemunha do temor,
Sigo sussurrando palavras inaudíveis a quem passa sem me perceber.

Caminho apressada, coração na boca,
Pensamentos a toda,
E repasso o plano mentalmente.
Aperto o passo… sinto a garoa…

Caminho apressada, me sinto vazia com todo esse silêncio.
Saudade que fica, lembranças contidas…
Sintonia defeituosa que quero concertar.
Acordes memoráveis que não toquei. Em cada passo, palavras que eu não disse.

Caminho apressada, seus cabelos cacheados me motivam:
Preciso os ver outra vez.
Os passos ecoam nas ruas quase vazias,
Estou ali sem saber por que e para que.

Caminho apressada, há algo importante a fazer.
Viro a esquina e tenho as roupas úmidas
As ruas estão cheias de nós dois! Mas hoje, escuras permanecem,
As lágrimas são detalhes… marcas profundas em cada centímetro de solidão.

Não há o que dizer.
Há muito o que perdoar.
Um sorriso sincero surge tímido no canto dos lábios,
Tempo a recuperar… Só mais um pouco de coragem!

Paro. É hora de fazer o que vim fazer.
Respiro fundo.
Uma… duas… três vezes.
As estrelas sumiram do céu.

O mundo parou pra nós dois.
O tempo não passou naquele instante.
Nosso olhar se entendeu… se perdoou.
O coração silenciou, acalmou.

- Ei, moço, vim tomar de volta meu lugar!
Questão de segundos, leve consentimento sem palavras.
Conheço esse olhar, essa expressão…
Tudo aqui é tão meu! O universo sabe… a gente ainda se ama.


(C. Chriss – 27/10/2013 – 01:25h)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cinco meses

Cinco meses


  Lá se vão cinco meses… e você não voltou.
        É estranho, eu sei. É estranho até para nós, que nos acostumamos facilmente com tudo o que é estranho. Mas dessa vez, eu não tive notícias suas. Nenhuma. Nenhum telefonema, carta, bilhete. Ninguém veio me dizer que te encontrou por aí, nas mesmas estradas de sempre, com o olhar atento e procurando por algo que eu não sei o quê.
Eu não sei de você…
Ninguém sabe.
        Mas de qualquer forma, querido, eu tentei te encontrar; e há cinco meses, eu sabia exatamente onde te achar. Voltei lá, mesmo com a certeza de que o nosso destino daria um jeito qualquer de te levar para longe de mim mais uma vez, afinal, era o que sempre acontecia. De certa forma, não sei se acredito em destino, mas o fato é que você não estava, e eu já devia saber. Cada canto ali, me lembrou de tudo o que eu sempre fiz para você me notar. Os bancos ainda continuam no mesmo lugar… a vaga de estacionamento, o lugar onde você costumava sentar e conversar com os amigos. Ah… parecia que estava tudo tão certo! Mas sei que você é das idas e vindas, amor. Sei que você é da estrada, é da fuga, é da distância. Ainda assim, não acredito. Não sentiu minha falta ao menos uma única vez? Nunca chegarei a saber. Mas apesar de todo o orgulho - que você sabe que no fundo eu tenho - senti sua falta. Sofri cada sorriso que você não me deu. Chorei cada palavra que você não me disse. Amei cada fio do seu cabelo cacheado, e me entristeci com o pensamento de que talvez eu nunca mais vá te ver. Odiei cada lembrança boa que você deixou; porque elas me atormentam amor, tiram meu sono, me engasgam em palavras que talvez eu nunca vá chegar a dizer. E como eu tenho coisas para te dizer! Como eu queria só mais uma chance, pra poder te olhar de novo, e tentar fazer tudo diferente. Pra poder te dizer que hoje, o que mais importa é a gente se entender, se querer, se amar. E olha que a gente se entende, amor! A gente sempre se entende. Me perdoe pelo descuido da sua partida… Volta, e eu não te deixo partir nunca mais.
        Porque a primavera chegou, moço, nossa estação… e agora é fria. É fria porque não tem mais a gente discutindo o que é liberdade, e nem você me contando casos antigos naquele banco, sem perceber que eu poderia ficar dias e dias ali, e que minha atenção continuaria presa em você, no seu jeito de falar e de sorrir calmamente. Mas olha, eu volto, prometo. Um dia eu volto pra te procurar novamente, pra te abraçar apertado e te levar pra casa. Prometo.
        Meu…
        Meu poeta… meu escritor… meu amor.


( C. Chriss – 30/09/2013 – 23:45h )

domingo, 22 de setembro de 2013

Para uma amiga, com carinho...

Ps.: Não é sobre você dessa vez, moço... 



Como o tempo passa depressa.

Como costumam dizer nossos avós, depois dos 15 anos a gente fica velho o tempo voa e a gente acaba querendo voltar a ser criança.
É com essa reflexão que começo esse texto, que tem nome, sobrenome e endereço.

É difícil entender a minha cabeça a cabeça de um jovem. Há um tempo atrás, eu tinha certezas que hoje não tenho mais. Amores que achava que seriam para sempre… amizades que eu tinha toda a certeza do mundo que seriam eternas. Ah as amizades! Tantos sorrisos pelos cantos daquele chão quadriculado… quantas vezes aquelas paredes nos viram tocar nossos violões “gemidos” violão e sorrir, entre uma joia rara e outra, sem nos preocupar com o dia que viria depois. Sem nos preocupar com o fato de que estávamos crescendo amadurecendo, e as coisas logo mudariam. E então o tempo passa, e eu vou embora os amigos vão embora. Coisa estranha é essa nossa vida! Tão estranha, que às vezes chego a pensar que seja injusta. Passamos os dias pensando em quando voltaremos… se tudo estará no mesmo lugar. Se as pessoas serão as mesmas… se as amizades estarão nos esperando. Se quando estivermos velhinhas, ainda teremos uma à outra, pra rir e lembrar do passado. Medo cruel que se concretiza! Antes de dormir, faço uma prece: onde quer que estejam esses antigos amigos, que estejam bem. Me permito as vezes ser egoísta: por favor, que pensem um segundo ao menos em mim!
Ah! Ainda temos um recurso… como eu não havia pensado nisso antes! Vivemos na era digital. Somos a chamada geração Y/Z! Esperaremos todos ficarem online e… e… nossas conversas não costumavam ser assim. É o afastamento que a internet causa, claro; só isso. É apenas essa impressão de distância que me fere a alma, nada mais, tenho certeza. Vamos tentar mais uma vez! (…) Oh! Não respondeu… Acho que vou deixar um recado perguntando o que está havendo… bem, melhor não. Quero o contato! Quero ver seus olhos… quero a emoção de te rever e te dar um abraço apertado, carinhoso!
Mas, está tudo tão diferente aqui… O olhar das pessoas é duro… Ah Deus! Quanta tristeza! Não me reconheço mais… Não me reconheço mais aqui. Não me olhe assim! Está esmagando meu coração…
Volto e revolto. O que aconteceu com as pessoas? O que aconteceu comigo?
O abraço não é mais o mesmo…

- Oi! Tudo bem?
- Sim. E você?
- Também!
(silêncio)
- Ótimo! Nos vemos por aí… qualquer dia.
- Certo! Até qualquer dia!

Não! O que houve com a nossa amizade? Éramos tão íntimas! Tão íntimos!
Ei! Espere! Por que a pressa? Quero saber como estão seus dias! Quero saber como anda a sua família! Quero saber como está sua irmã! Se você encontrou o amor da sua vida… se acordou bem… se tem comido direitinho… se alguém está ao seu lado para secar suas lágrimas, para te abraçar apertado e te aconselhar quando for preciso… se você tem escrito coisas novas, se tem alguém que possa contar, quando precisar desabafar; se tem novos sonhos, se tem passeado… se encontrou novos amigos, se tem pensado um pouco em mim, se tem sentido minha falta…
Enfim… o tempo anda curto, não é? Sim, eu entendo. Nos vemos por aí! Algum dia. Mas enquanto isso, o que faremos?
Ei! Espere! Não vá ainda… é tão cedo! Deixa eu te abraçar mais uma vez e te beijar no rosto! Esperei tanto tempo para matar essa saudade! Será que ainda se lembra das nossas conversas? Será que ainda se lembra de quando nos falamos pela primeira vez? De tudo o que aprendeu e me ensinou? Afinal, não faz tanto tempo assim… ou será que faz? É verdade, eu me lembro… faz mesmo muito tempo. Ahhh… que voz linda você tem! Cante pra mim deixa eu chorar ouvindo você cantar aquela canção que a gente costumava tocar juntas... Como assim? Você não se lembra mais?
Ah! Por favor, não se espante… está tudo bem comigo, juro. Essas lágrimas nos meus olhos são saudade… saudade do nosso tempo de amizade, que a vida a cada dia leva pra mais longe. Chorarei hoje, escondida… sozinha. E você não saberá que é por sua causa. Melhor assim…
Mas não há problema! Vou me virando como posso. Tenho nossas fotos… e tenho minhas lembranças. Algumas coisas não podemos mudar, por mais que a gente queira… e eu aceito isso.

E chego à conclusão de que nossos avós estão certos.
Quantos amigos eles já devem ter deixado pelo caminho durante toda a vida? Quantas pessoas especiais o tempo já separou até hoje… talvez esse seja o nosso tempo. E por isso digo, injusto! Vida injusta essa nossa. E logo depois me arrependo… Injusta sou eu, que a culpo. A vida não tem culpa… Todos mudamos com o passar do tempo, e é natural que coisas que nos eram importantes antes, virem apenas detalhes. Sabe, ouvi dizer que isso passa… ouvi dizer, que esse aperto no peito melhora com o passar dos anos. Assim espero. Assim acredito. E é com lágrimas nos olhos, que digo que dessa vez demoro a voltar não que isso seja importante.
       
Até qualquer dia... Ou não.


( C. Chriss – 22/09/2013 – 02:15h )