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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Voltando a rotina


Voltando a rotina


        É meu bem, eu não me cansei de esperar. Esperei até o último minuto, para poder olhar em seus olhos de joias e com coragem, pedir para que, por favor, fique. Essa era uma noite especial: A lua se preparava para um eclipse. Tão linda estava, que parecia ter se vestido para um baile. Isso me fez pensar se ela saberia, que a meia noite, olhares mil a contemplariam ao mesmo tempo, curiosos e ansiosos pelo show que daria. Então, naquele momento, eu podia te sentir chegando. Podia sentir o seu cheiro de colônia de barbear e o perfume que vinha dos seus cabelos. Podia ouvir seus passos aflitos em um caminhar com hora marcada, e o coração acelerado por culpa do atraso.

        Uma chave de carro pendurada no bolso, coisas jogadas em cima da mesa, pessoas que conversavam barulhentamente sem perceber que algo tão esperado estava para acontecer. A janela aberta, deixava entrar a luz da lua, e eu me deliciava com os pensamentos que guardei para aquele dia.
        E então, moço, não entendi o porquê de ter desviado o olhar para que não encontrasse o meu. Não entendi a frieza das palavras, e nem o motivo de ter fingido que nunca me conheceu naquela estrada. Não entendi a indiferença, não entendi a calmaria, não entendi as comparações insanas, não entendi o sorrisinho falso me ofertado em uma noite em que tudo parecia tão verdadeiro. Mas a verdade mesmo, é que nunca te entendo. E será melhor para minha sanidade não entender.
        Hoje não quero mais ver a lua. Confesso que gosto quando ela é só minha, quando sorri para meus pensamentos bobos, e hoje, não tenho pensamentos meu bem. Os que levo, são tristes, e hoje ainda é uma noite importante. Mas, não há o que lembrar. Somos uma mentira. Somos feitos de promessas não cumpridas.
        Conformada – ou nem tanto assim – em te perder novamente, volto por uma mesma estrada, que agora, vigia-me com olhos tortos e comentários enfurecidos. Talvez se pergunte o porquê de tantas idas e vindas. Não me importo. É dia de chorar até amanhecer, acompanhada por todos os discos que eu puder ouvir. Vou me encher de Beatles, somente para te contrariar. E quando me perguntarem o que houve, vou dizer que perdi alguém querido, e eles acreditarão. Afinal, moço, coincidentemente, hoje faz onze anos que George Harrison se foi.

       ( C. Chriss - 29/11/2012 – 04:04h )

Entre despedidas e voltas


Entre despedidas e voltas...


“Hoje não é um dia para escritas doces. Hoje o moço resolveu sair, ir atrás de novas aventuras e esqueceu-se de deixar o coração da moça, que ela havia entregue à ele... Hoje o moço não chegou... Não voltou... Não apareceu... Mas a lua, companheira de todas as horas, mostrava-se linda!

Foi o consolo da moça, tão desolada que por todos os cantos esperava que o moço voltasse, trazendo de volta seu coração... Ou que apenas desse a mão para ela e a levasse junto para suas aventuras... Um sonho a dois. Porém a tão pobre moça ficou apenas com o sonho da lua.
Admirada, de alguma forma pôde sentir que o moço a amava. Mesmo que não fosse o amor de antes, teve certeza de que a saudade também o tinha visitado. Quem sabe a saudade não o trouxesse de volta? Cansaria ela de esperar seu moço que nunca chegava? Com certeza não. Viveria seus dias para esperar um amor que não vem, um calor que nunca chega, um moço que partiu sem razão. Ao ver a lua tão linda, pensou em todas as vezes que escreveu sobre ela e sobre o amor, e assim concluiu que valia a pena esperar...
E a sua tão sonhada volta realmente aconteceu, o moço também sentia saudades de sua amada e sabia que por mais que as suas aventuras valessem a pena, jamais se sentiria bem se estivesse só, e que a lua era muito mais bonita sendo admirada a dois, e brilhava cada vez mais forte com poesias ditas apenas em olhares... Sim era um final, não de conto de fadas, mas o final que a moça apaixonada sonhava!”

( Aiene Dias e C. Chriss - 28/11/2012 – 23:29h )

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Voltei... pra estrada.


Voltei… pra estrada. E volto quantas vezes precisar...


        Tomei da estrada aquele moço, e chamei-o de meu. Por dias eu não podia pensar em outra coisa. É estranho saber que me desfiz dos sentimentos que me habitaram por tanto tempo… Será mesmo que me desfiz? O velho moço já tem um outro alguém, e o tempo de tristeza – talvez por isso – vá passando mais depressa. Ouvi falar que logo a gente se acostuma… ou pelo menos finge que acostuma. Fingir é o que tenho feito de melhor. Ultimamente finjo que não ligo, finjo que não sofro, finjo que não lembro e que não penso mais. Finjo que não choro, finjo que não vejo, finjo que não dói e finjo que não finjo.
        Enfim, voltei para ver o novo moço. Moço perfeito que criei enquanto andei perdida por aí. A estrada parecia tão cheia de nada que me enjoou. Eu estava no lugar do moço. Agora, era eu que partia, que deixava a casa, que ficava transitando entre “adeus e boas vindas”. Era eu que levava na mala a esperança de um futuro tranquilo, cheio de poeminhas com rimas idiotas. Esse pensamento me entristeceu pela única diferença entre eu e o moço: não havia ninguém me esperando voltar. De certa forma, era melhor assim.
        Então, parti cheia de certezas, a procura do meu moço idealizado, que me amaria e me contaria histórias engraçadas olhando para o chão por causa da timidez. Que falaria difícil, e riria de mim quando eu confessasse que odeio refletir sobre a vida e os valores morais.
        Com esse sonho, caminhei tão distraída, que nem percebi que havia passado o ponto de parada. Passei sem me dar conta, sorrindo sozinha quando o pensamento permitia, e arriscando corridinhas desengonçadas, só para sentir o vento bater com mais força no meu rosto e bagunçar os meus cabelos, de uma forma única, que eu não conseguia imitar. Então, tive a impressão de que eu não queria mesmo parar… estava encantada. Assustei-me ao perceber que me abandonei de novo, para ser de outro alguém. Não importa mais.
        A mala era pesada, e algumas coisas foram ficando pelo caminho… Eu me sentia tranquila em saber que um dia, alguém passaria e recolheria um sorriso que eu já não precisava, ou um carinho que se perdeu no meio fio, um adeus na calçada… ou que pisariam sem querer, nas gotas de amor não correspondido, que fiz questão de deixar cair.
        E foi assim
        Não encontrei o meu moço aquele dia. Então, esperei por ele.
        Não o encontrei no próximo dia. Então esperei…
        Também não o encontrei no próximo, e nem no próximo…
        E sabe-se lá quando eu vou me cansar de esperar.

( C. Chriss - 23/11/2012 – 01:18h )

sábado, 17 de novembro de 2012

Sonho na estrada Maria H³


Sonho na estrada Maria H³


        Não aguentei esperar que você sentisse a minha falta e voltei. Voltei antes do tempo esperado e tudo continua do mesmo jeito. Voltei sem pedras nas mãos, juro. Mas as que encontrei no caminho, me machucaram e fizeram sangrar o meu peito.
        Além de pedras, encontrei um novo moço. Moço bonito de traços ocultos, cujos olhos eu quis admirar e rir, só pra ver se me pertenciam. Parecia você… Só que mais tímido, e com os cabelos longos bagunçados encantadoramente. Evitava meu olhares, desviando para o chão a todo tempo, e o seu rosto ficava rubro, toda vez que eu insistia em repará-lo. Tinha os cabelos salpicados de chuva como o meu, e ar de pressa, como se sempre tivesse algo mais importante a fazer. Por um momento, me pareceu que em seu peito houvesse um coração angustiado, e sem motivo algum, tive certeza de que era por minha causa. Não me evitava a toa… havíamos nos magoado. Então, limitei-me a sorrir e assentir, ouvindo-o falar com pausas musicais, vacilos na voz e opiniões contrárias as que eu esperava. Mas era puro, e carregava sinceridade consigo. Levava às mãos a boca continuamente, como se pensasse ter dito alguma besteira, ou como se tivesse se esquecido de que eu continuava ao seu lado o ouvindo falar. E então eu sorri ainda mais sinceramente, ao ver suas meias coloridas em tons de azul e branco, e me perguntei, o que faria tão lindo moço usar meias coloridas.
        Confesso que voltei para vê-lo, sem acreditar que o encontraria. Mas lá estava ele, moço estranho e sorridente, que escondia os seus lindos olhos atrás de lentes circulares e se autodeclarava distraído. Tão distraído, que mal percebeu que eu o buscava e o seguia em toda parte, ansiosa para lhe dizer que estava ali por sua causa. Isso não foi dito a ele, e sei que nunca chegarei a dizer. Os cabelos continuavam salpicados de chuva, negros como os olhos, como a camiseta que usava… como a noite que mal havia começado. Conversava com amigos alegremente, enquanto eu o observava cheia de perguntas. Parecia totalmente protegido da música e do ambiente, que não combinavam em nada com aquele corpo que ali estava. Encantei-me por olhos que me lembravam os seus, meu bem, e pela possibilidade de amar alguém que não fosse embora a todo tempo. Mas ele não me pertencia, assim como acho que você e o seu amor já não me pertencem.
        E então retomei a estrada. Havia me esquecido que pretendia voltar. A noite me engolia a cada passo, e o coração se acelerava com a lembrança da nossa casa, que vazia, esperava ansiosa para me acolher. A chuva fina me acompanhava no regresso, molhando os cachos do meu cabelo, que caíam como uma cortina negra em meu rosto, e eu não me incomodava. Voltei cheia de histórias, de sentimentos novos que recolhi, e sorrisos sem graça alguma.
        Eu estava certa, a casa permanecia vazia. Estava ainda mais vazia do que quando a deixei, prometendo não voltar tão cedo e sem você. Os poeminhas chorosos ainda continuavam amontoados no canto da mesa, com exceção de alguns espalhados pelo chão, que voaram com o vento quando abri a porta. Tudo estava no mesmo lugar, até a saudade que eu havia deixado ali, passeava tranquila por cada cômodo, dando a estranha sensação de que talvez, você não sentisse mais a minha falta. E acho que não sente mesmo. Dessa vez, você não vai voltar.
        Então começo a pensar em como seria se eu também não voltasse. Começo a pensar no moço da estrada, e se eu o veria de novo. Começo a pensar em como seria, se eu parasse de escrever sobre você: se voltaria apenas para brigar e retomar o seu lugar, ou se não se incomodaria, como se não se importasse mais com o que eu penso.
        O silêncio aqui se faz tão assustador, que o martelar do ponteiro do relógio velho me assusta a todo tempo, e o bater da chuva fina nas nossas janelas me faz tremer e lembrar de que a rua lá fora continua deserta. Dessa vez, moço, não prometo, mas talvez eu vá mesmo embora. Vou embora do que sobrou da nossa vida. Vou partir porque não quero colecionar febres e nem ficar te procurando em outros moços por aí.
É tarde, meu bem, e nosso amor voou. Escapou por entre os nossos dedos, quando pessoas sãs tentaram acabar com nossa loucura, e tomaram o meu lugar. Então, agora, quem se retira sou eu. Estou desistindo amor; abandonando o barco, ou chame como quiser. Afinal, corações vazios por aí, encontrarei jogados aos montes… e então contarei de você, e do moço da estrada, que tinha os seus olhos. Falarei da lua, e dos versinhos que compus para o final daquela sua canção em tom de C, que eu não cheguei a tocar pra você. Falarei do quanto nos amamos, contarei histórias em meio a sorrisos - coisas que ninguém acreditará - e vou chorar sozinha, relembrando de quando jurei que dessa vez, seria eterno.
        Daqui pra frente vou me martirizar aos sábados, trazendo à lembrança a primeira vez que você partiu; e a tristeza virá me visitar. Mas tristeza passa, moço… E então, na segunda, fingirei estar bem e feliz, sorrindo como antes, e com o mesmo coração vazio que tinha, antes de te encontrar por aí; só que agora, ele está partido, e eu, sem vontade do café amargo pelas manhãs…


( C. Chriss – 17/11/12 – 01:16h )

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Só para me desfazer de sentimentos...


Só para me desfazer de sentimentos…



Era noite, tudo estava triste… e então choveu.
        Choveu como nunca havia chovido antes. Mais do que como uma chuva de verão. Choveu em mim, choveu no meu coração… Ah chuva…
       
Furiosa, ela sacudia as janelas e fazia com que as árvores se prostrassem lá fora. Suas mãos eram puro vento, e os olhos, clarões que apareciam no acaso, e que eu abominava solenemente. Mas ela insistia, e mais imponente ficava à medida que eu me encolhia sozinha em um canto.
        O medo fez com que eu arrancasse os sentimentos do peito, e os colocasse na terra encharcada, a fim de que fossem levados embora ou apenas esquecidos ali. E então, no ultimo minuto, resolvi poupar a saudade. Ela ficou, mas prometi para mim mesma que para dentro do peito, ela não voltaria. Então, conservou consigo o cheiro de chuva, me lembrando a todo tempo que poderia e deveria ter ido embora como os outros.
        Acomodei-me em um canto frio, até perceber que encharcada mesmo, estava eu. Encharcada até os ossos de pura melancolia, e então ela chegou… Consumindo-me de dentro para fora, estava a tristeza, que eu havia esquecido de mandar embora. Trouxe consigo as lembranças de um moço que há tanto havia partido; me esquecido… e sumido. Ou será que a lembrança do moço é que me trazia tristeza? Não… A tristeza vem do vazio que ficou, e do colorido que não vejo mais.
        A cidade dorme enquanto o céu desaba, e eu, faço promessas ao vento de não voltar a procurá-lo. São mais promessas vãs que se acumulam. Sei que o dia ainda não terá nascido, e eu já terei sumido na estrada, implorando por notícias, e pedindo um velho regresso como antes. Mas agora, não. Morrerei por segundos em promessas falsas e devaneios toscos; em chororôs de esquina e coisas clichês. Devorarei livros rasgados e me perderei em palavras soltas. Me amarrarei à velha escrivaninha e esperarei a chuva passar, sem lágrimas, sem discos velhos… sem culpa.
        Não houve derrota.
        Os pensamentos, deixarei aqui.
        Desfiz-me dos sentimentos, estou pronta. Dessa vez, sou eu que vou embora…

        … torcendo para que me procure.


        ( C. Chriss - 14/11/2012 – 03:01h )

sábado, 10 de novembro de 2012

Amor em dois atos


Amor em dois atos



A lâmpada do nosso abajur, já fraca, clareia timidamente a mesa onde tem você: cartas, textos, projetos, ideias… De novo, só a caneca de café – agora frio – que teima em pousar sobre suas coisas, como que para me fazer lembrar onde passei a noite. Alguém não dormiu… Alguém não dorme há muito tempo. Teria você decidido ficar?
        O papel amarelado dos envelopes não abertos fica mais áspero a cada dia. Várias cartas, nenhuma sua. Como queria que fossem! Castigo meus dedos passando-os por cada traço do papel. Quanta injustiça há em cada palavra dita e escrita. O instrumento de cordas repousa desafinado, ao lado de discos que costumávamos ouvir; e rio, ao achar “Beatles” por ali… Uma lembrança das várias brigas travadas entre você e “Lennon” me enche de saudade. Mas hoje não. Hoje a vitrola não faz seu chiado costumeiro. A agulha não percorre discos… Está desligada.
O silêncio aqui é evasivo, é triste; e ao contrário do que se espera, é cheio. Cheio das nossas promessas não cumpridas, do carinho negado, e do cheiro de solidão. Tenho medo de ficar aqui sozinha, amor, vivendo entre os fantasmas do nosso romance; mas ao mesmo tempo, me falta coragem para deixar nossa história aqui, como você fez, e partir pela mesma estrada em que vim. A diferença, é que agora não tenho bagagem…
Sofro e vou só.
Sofro e sou só.
Sou você em tudo o que falo e ouço. Sou você, porque também não gosto de despedidas… Não gosto do último beijo, do último abraço. Não gosto do aperto de mãos. Mas, esqueço o quanto você insiste em ir e voltar. Esqueço o quanto você chega invadindo tudo, e o quanto é curto o tempo em que você está. Esqueço que não tenho mais você pra enfeitar a vida, ou pra perfumar o jardim… Afinal, você sabe que as flores aqui crescem só de te ver chegar. Amor, pulamos de cabeça e agora não sei como voltar… Não sei se quero voltar. Quero apenas sentir o vento no rosto, e fingir que esqueci que já te perdi.
        Já é tarde, e não somos nós que sorrimos nas fotos em preto e branco espalhadas em um canto… São desconhecidos que me olham aprisionados em recortes de coisas que achávamos interessantes. Agora, são só figuras tristes, esperando para serem recolhidas e comentadas em um dia qualquer. A janela entreaberta deixa a mostra um céu com estrelas mil. Não me incomodaria de trazê-las, meu bem, se isso te fizesse mais feliz. Respiro o verão que há lá fora, pois aqui dentro, sem você sempre será inverno, e então, me permito sofrer um pouco mais. Alguém que caminha na rua, canta alegremente um blues, e eu o invejo. Anda tão distraidamente, que mal percebe os pingos de chuva que começam a cair… e se percebe, não se importa com eles. Chuva? Sim, talvez pela saudade e pela ausência. Então me agarro a coisas suas, como se quisesse colocá-las ainda mais dentro do peito, e choro. Mas hoje posso… Posso, porque acho que dessa vez, você não volta.
        Ei, amor! Se eu te procurar, diga “não”. Mande-me embora, assim como você foi, pois não quero mais sentir saudade do seu abraço, e nem quero saber que sente saudade dos cachos do meu cabelo repousados em seu peito.
        Os livros na estante acumulam poeira e anotações que você não chegará a ler. Entre histórias de Romeu e Julieta, estão textos antigos que não cheguei a terminar. Minhas esperanças de que você pudesse ter escolhido ficar já se esvaíram. Sua escolha já foi feita, e eu sofro, porque no fundo, sei que não escolheu a mim.

( C. Chriss - 09/11/2012 – 01:29h )

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por uma volta...


Por uma volta…


Talvez, tenha algo errado. Talvez algo tenha se misturado.
Talvez tudo tenha se equivocado e se perdido no caminho... Talvez, EU tenha me perdido no caminho. Mas é isso... Sempre te disse que andei perdida, amor, e nunca disse que não queria me perder. Perder-me em seus braços, em seus olhos… Em sua vida. Mas agora, talvez VOCÊ é que tenha se perdido. Mas nos perdemos sem medo, sem expectativas, sem receios, e, portanto, sem nenhum pudor. Sem crimes… sem culpa. Por uma vida inteira, o mundo foi todo nosso. Tão nosso… tão nosso… Agora a vida morta, e não me importa a lógica. Emoções contidas, palavras guardadas… Melhor assim. Melhor pra quem?
Sim, meu bem, eu trouxe o sol para mais perto da gente, porque achei que você desejasse tudo, menos o frio... E então, juntos, faríamos coisas de casais. Mas você não percebeu que era seu. E talvez o frio, estivesse intenso demais, para poder ser espantado. Talvez o artificial te interesse agora…
Entenda as palavras que transbordam além da caneta ansiosa no papel…
Amor, fica.
Mas não fica mais por mim. Fica por você. Fica por nós. Fica mesmo que a volta seja tardia, mas fica. Fica, amor… Mesmo que eu diga entre soluços que não te quero, mesmo que eu diga que não ouço mais aquele disco velho, fica pelos nossos dias! Fica pela vontade de continuar com nossas conversas sobre sorrisos e assuntos chatos. Fica porque o amanhã tá perto, e porque eu quero meu mundo colorido quando o acaso chegar… Se precisar, trocamos as resistências, abaixamos a guarda, e voltamos a acreditar em ‘felizes para sempre’, mas fica. Nem que seja porque eu te transpiro, e porque ainda não cumprimos nosso roteiro. Fica porque ainda não dançamos e porque me falta a delicadeza das suas mãos no meu cabelo. Fica porque meu coração grita sem explicação… É só ausência sua, eu sei. Não me acostumo e nem quero. Fica porque os desenhos agora são tristes, porque a lua hoje chora, e porque eu… te preciso.


( C. Chriss - 07/11/2012 – 01:56h )