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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Só para me desfazer de sentimentos...


Só para me desfazer de sentimentos…



Era noite, tudo estava triste… e então choveu.
        Choveu como nunca havia chovido antes. Mais do que como uma chuva de verão. Choveu em mim, choveu no meu coração… Ah chuva…
       
Furiosa, ela sacudia as janelas e fazia com que as árvores se prostrassem lá fora. Suas mãos eram puro vento, e os olhos, clarões que apareciam no acaso, e que eu abominava solenemente. Mas ela insistia, e mais imponente ficava à medida que eu me encolhia sozinha em um canto.
        O medo fez com que eu arrancasse os sentimentos do peito, e os colocasse na terra encharcada, a fim de que fossem levados embora ou apenas esquecidos ali. E então, no ultimo minuto, resolvi poupar a saudade. Ela ficou, mas prometi para mim mesma que para dentro do peito, ela não voltaria. Então, conservou consigo o cheiro de chuva, me lembrando a todo tempo que poderia e deveria ter ido embora como os outros.
        Acomodei-me em um canto frio, até perceber que encharcada mesmo, estava eu. Encharcada até os ossos de pura melancolia, e então ela chegou… Consumindo-me de dentro para fora, estava a tristeza, que eu havia esquecido de mandar embora. Trouxe consigo as lembranças de um moço que há tanto havia partido; me esquecido… e sumido. Ou será que a lembrança do moço é que me trazia tristeza? Não… A tristeza vem do vazio que ficou, e do colorido que não vejo mais.
        A cidade dorme enquanto o céu desaba, e eu, faço promessas ao vento de não voltar a procurá-lo. São mais promessas vãs que se acumulam. Sei que o dia ainda não terá nascido, e eu já terei sumido na estrada, implorando por notícias, e pedindo um velho regresso como antes. Mas agora, não. Morrerei por segundos em promessas falsas e devaneios toscos; em chororôs de esquina e coisas clichês. Devorarei livros rasgados e me perderei em palavras soltas. Me amarrarei à velha escrivaninha e esperarei a chuva passar, sem lágrimas, sem discos velhos… sem culpa.
        Não houve derrota.
        Os pensamentos, deixarei aqui.
        Desfiz-me dos sentimentos, estou pronta. Dessa vez, sou eu que vou embora…

        … torcendo para que me procure.


        ( C. Chriss - 14/11/2012 – 03:01h )

6 comentários:

  1. A saudade me visitou ao ler o teto e trouxe com ela o cheiro de chuva... choveu em mim :')

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    1. Ownn que delícia! Choveu em mim também com esse comentário!!!

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    2. rs, eu escrevi errado ali em cima era TEXTO rs mas fico feliz que compartilhamos gotas de chuva=D

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    3. Acho que vou compartilhar gotas de chuva com você até o ultimo dia da minha vida. "E choveu em nós..." rsrs...

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