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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Voltei... pra estrada.


Voltei… pra estrada. E volto quantas vezes precisar...


        Tomei da estrada aquele moço, e chamei-o de meu. Por dias eu não podia pensar em outra coisa. É estranho saber que me desfiz dos sentimentos que me habitaram por tanto tempo… Será mesmo que me desfiz? O velho moço já tem um outro alguém, e o tempo de tristeza – talvez por isso – vá passando mais depressa. Ouvi falar que logo a gente se acostuma… ou pelo menos finge que acostuma. Fingir é o que tenho feito de melhor. Ultimamente finjo que não ligo, finjo que não sofro, finjo que não lembro e que não penso mais. Finjo que não choro, finjo que não vejo, finjo que não dói e finjo que não finjo.
        Enfim, voltei para ver o novo moço. Moço perfeito que criei enquanto andei perdida por aí. A estrada parecia tão cheia de nada que me enjoou. Eu estava no lugar do moço. Agora, era eu que partia, que deixava a casa, que ficava transitando entre “adeus e boas vindas”. Era eu que levava na mala a esperança de um futuro tranquilo, cheio de poeminhas com rimas idiotas. Esse pensamento me entristeceu pela única diferença entre eu e o moço: não havia ninguém me esperando voltar. De certa forma, era melhor assim.
        Então, parti cheia de certezas, a procura do meu moço idealizado, que me amaria e me contaria histórias engraçadas olhando para o chão por causa da timidez. Que falaria difícil, e riria de mim quando eu confessasse que odeio refletir sobre a vida e os valores morais.
        Com esse sonho, caminhei tão distraída, que nem percebi que havia passado o ponto de parada. Passei sem me dar conta, sorrindo sozinha quando o pensamento permitia, e arriscando corridinhas desengonçadas, só para sentir o vento bater com mais força no meu rosto e bagunçar os meus cabelos, de uma forma única, que eu não conseguia imitar. Então, tive a impressão de que eu não queria mesmo parar… estava encantada. Assustei-me ao perceber que me abandonei de novo, para ser de outro alguém. Não importa mais.
        A mala era pesada, e algumas coisas foram ficando pelo caminho… Eu me sentia tranquila em saber que um dia, alguém passaria e recolheria um sorriso que eu já não precisava, ou um carinho que se perdeu no meio fio, um adeus na calçada… ou que pisariam sem querer, nas gotas de amor não correspondido, que fiz questão de deixar cair.
        E foi assim
        Não encontrei o meu moço aquele dia. Então, esperei por ele.
        Não o encontrei no próximo dia. Então esperei…
        Também não o encontrei no próximo, e nem no próximo…
        E sabe-se lá quando eu vou me cansar de esperar.

( C. Chriss - 23/11/2012 – 01:18h )

3 comentários:

  1. Amei... me fez lembrar um música antiiiiga "eu vou levando a vida-a-ah eu vou tentando disfarçar mas vou deixar a porta do meu quarto aberta caso você queira voltaaaar (8)"

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