Coisas
de nós.
É
primavera.
E
eu juro que tentei, moço, escrever algo que não falasse das tuas idas e vindas,
da minha espera e do café amargo. Eu juro que tentei. Mas quer saber? Não
consigo. Não consigo não falar do teu rosto lindo, apontar seus traços
perfeitos, ainda que você jure que eles não existam. Não consigo ver beleza em
outras coisas para escrever, afinal, ninguém trás tantos sorrisos guardados na
mala como você.
Não
consigo esconder moço, o quanto gosto das suas manias de arrumar o cabelo, de
apoiar o rosto nas mãos, ou ainda de cruzar os braços… Não deixo passar uma só
mania, sem me admirar e sorrir com elas. Eu estava certa… Sempre estive! Você é
felicidade.
Mas
de qualquer forma, é estranho. Tudo continua vazio e cheio ao mesmo tempo.
Vazio, pois não tem você, e cheio, pois minhas lembranças ocupam cada espaço,
cada cantinho nosso, e enchem os discos da vitrola.
Acho
mesmo é que desejo tirar do peito o medo, e engolir o desespero, de imaginar
que um dia, você possa não mais querer voltar pra casa… Me pego pensando e
querendo que você tivesse esquecido algo, qualquer coisa sem importância, mas que
te fizesse voltar e dizer “não consigo viver sem isso. Voltei pra buscar”. E aí
eu te contaria que as flores por aqui trocaram de estação… Nasceram no inverno,
e agora, não nascem mais. Eu te contaria que anseio por um café doce, por um
carinho quando escurecer, por uma canção tocada em acordes simples…
Eu
sei, volto em cada frase já escrita, moço, volto porque os sentimentos ainda
são os mesmos; só o cheiro do café é que agora me repele. Quem sabe um dia, o
doce dos teus lábios traga de volta minha vontade de café, porque vontade de
você, amor, aqui tá sobrando…
Então, que a primavera chegue de verdade, moço,
com o sol e as flores, e principalmente, que traga você junto com ela…
(
C. Chriss - 28/09/2012 – 15:49h )