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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Coisas de nós.


Coisas de nós.


É primavera.
E eu juro que tentei, moço, escrever algo que não falasse das tuas idas e vindas, da minha espera e do café amargo. Eu juro que tentei. Mas quer saber? Não consigo. Não consigo não falar do teu rosto lindo, apontar seus traços perfeitos, ainda que você jure que eles não existam. Não consigo ver beleza em outras coisas para escrever, afinal, ninguém trás tantos sorrisos guardados na mala como você.       
Não consigo esconder moço, o quanto gosto das suas manias de arrumar o cabelo, de apoiar o rosto nas mãos, ou ainda de cruzar os braços… Não deixo passar uma só mania, sem me admirar e sorrir com elas. Eu estava certa… Sempre estive! Você é felicidade.
Mas de qualquer forma, é estranho. Tudo continua vazio e cheio ao mesmo tempo. Vazio, pois não tem você, e cheio, pois minhas lembranças ocupam cada espaço, cada cantinho nosso, e enchem os discos da vitrola.
Acho mesmo é que desejo tirar do peito o medo, e engolir o desespero, de imaginar que um dia, você possa não mais querer voltar pra casa… Me pego pensando e querendo que você tivesse esquecido algo, qualquer coisa sem importância, mas que te fizesse voltar e dizer “não consigo viver sem isso. Voltei pra buscar”. E aí eu te contaria que as flores por aqui trocaram de estação… Nasceram no inverno, e agora, não nascem mais. Eu te contaria que anseio por um café doce, por um carinho quando escurecer, por uma canção tocada em acordes simples…
Eu sei, volto em cada frase já escrita, moço, volto porque os sentimentos ainda são os mesmos; só o cheiro do café é que agora me repele. Quem sabe um dia, o doce dos teus lábios traga de volta minha vontade de café, porque vontade de você, amor, aqui tá sobrando…
Então, que a primavera chegue de verdade, moço, com o sol e as flores, e principalmente, que traga você junto com ela…

( C. Chriss - 28/09/2012 – 15:49h )

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