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domingo, 9 de setembro de 2012

Estradas

        Estradas



Aquela despedida não devia durar tanto.
Em poucos minutos as minhas roupas já estavam guardadas e os meus poucos pertences, reunidos. O ultimo banho naquele lugar se fez demorado… a água já não era tão quente como antes. Lembro-me de como seus olhos pareceram me procurar naquela noite, e de como me senti quando eles encontraram os meus. Eu não queria que fosse a hora! Talvez fosse cedo demais… Ou tarde demais pra se despedir…
Uma última xicara de chá naquela cozinha… Já não tinha o mesmo gosto. O chá que antes parecia doce e puro, tem agora gosto de angústia, tristeza, ou talvez, apenas saudade. Fica no meu peito uma culpa: não tomamos nosso ultimo chá juntos. Os porta-retratos vazios espalhados pela casa me lembram das muitas promessas que fiz, de colocar as nossas fotos ali… Mas são promessas que nunca cumpri, e por isso, me arrependo. Não vou leva-los comigo… nem as fotos. Talvez, eu nem mesmo as tenha mais. Algumas rasgadas, outras perdidas pelos cantos… agora, tanto faz…
Ao me olhar no espelho já não me reconheço. Como mudei. O cabelo despenteado, os olhos cansados… talvez você não mais me reconhecesse. Nem eu reconhecia. Consequências de noites mal dormidas, preocupações sem fim, e falta de você.
Na nossa varanda tudo parece triste. As árvores já não são tão verdes, e o cheiro das plantas não é mais o mesmo. As gotas de orvalho já não são tão interessantes para mim… mas quem liga? Realmente é hora de partir.
A estrada parece infinita. Eu tenho agora caminhos para escolher. O violão nas costas me condena: sou mais uma apaixonada insatisfeita. Ah… como eu queria naquela noite pedir que me levasse com você, moço. Como eu queria ao menos pedir para que ficasse… ficasse ali, ficasse comigo. Nem que fosse por apenas mais um dia, ou mais um mês… pra sempre.


( C. Chriss - 31/05/2012 – 03:07h )

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