Estradas
Aquela
despedida não devia durar tanto.
Em
poucos minutos as minhas roupas já estavam guardadas e os meus poucos
pertences, reunidos. O ultimo banho naquele lugar se fez demorado… a água já
não era tão quente como antes. Lembro-me de como seus olhos pareceram me
procurar naquela noite, e de como me senti quando eles encontraram os meus. Eu
não queria que fosse a hora! Talvez fosse cedo demais… Ou tarde demais pra se
despedir…
Uma
última xicara de chá naquela cozinha… Já não tinha o mesmo gosto. O chá que
antes parecia doce e puro, tem agora gosto de angústia, tristeza, ou talvez,
apenas saudade. Fica no meu peito uma culpa: não tomamos nosso ultimo chá
juntos. Os porta-retratos vazios espalhados pela casa me lembram das muitas promessas
que fiz, de colocar as nossas fotos ali… Mas são promessas que nunca cumpri, e
por isso, me arrependo. Não vou leva-los comigo… nem as fotos. Talvez, eu nem
mesmo as tenha mais. Algumas rasgadas, outras perdidas pelos cantos… agora,
tanto faz…
Ao
me olhar no espelho já não me reconheço. Como mudei. O cabelo despenteado, os
olhos cansados… talvez você não mais me reconhecesse. Nem eu reconhecia.
Consequências de noites mal dormidas, preocupações sem fim, e falta de você.
Na
nossa varanda tudo parece triste. As árvores já não são tão verdes, e o cheiro
das plantas não é mais o mesmo. As gotas de orvalho já não são tão
interessantes para mim… mas quem liga? Realmente é hora de partir.
A
estrada parece infinita. Eu tenho agora caminhos para escolher. O violão nas
costas me condena: sou mais uma apaixonada insatisfeita. Ah… como eu queria
naquela noite pedir que me levasse com você, moço. Como eu queria ao menos
pedir para que ficasse… ficasse ali, ficasse comigo. Nem que fosse por apenas
mais um dia, ou mais um mês… pra sempre.
( C. Chriss
- 31/05/2012 – 03:07h )
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