Neblina
e solidão
(...) Naquela noite eu resolvi abrir a janela
do quarto, e observar o que acontecia do lado de fora, enquanto as pessoas
dormiam… Estaria você acordado também? Ou será que dormia tranquilamente,
sonhando com alguma garota que não fosse eu? O silêncio daquela noite me
sufocava… ela já não me parecia tão bonita como nos outros dias em que a
contemplei: uma neblina começava a se formar no céu sem estrelas. Estava frio,
mas isso não me importava. Eu tinha vontade de sair… ir para qualquer lugar
onde você não estivesse, onde não pudesse me achar. Ou ainda, um lugar onde não
existisse você e toda essa solidão. Solidão que eu não queria! Mas que você
insistia em me fazer mergulhar, cada vez mais fundo.
Meu modo de olhar o céu fazia apenas com
que surgissem mais pensamentos. Logo, eu estava imaginando, como seria se você
estivesse também pensando em mim agora… Como seria, se você estivesse também
olhando o céu, a procura de estrelas que não existiam naquela noite, e a espera
da lua, lua que não viria nos visitar? Talvez ela também estivesse triste,
querendo se esconder entre as nuvens, sem ter vontade de ver mais uma
apaixonada, que chora na janela, pensando no seu amado… Seu, ou talvez nem
tanto…
Ah! Como eu queria fazer como a lua… Me
esconder entre as nuvens a procura de refúgio. Onde eu pudesse lhe observar,
sem que soubesse disso. E então, eu não precisaria escrever sobre você, pois
você é que escreveria sobre mim, em um texto cheio de elogios, exaltando a
minha beleza. E quando fosse noite, eu iria clarear o céu, entraria por sua
janela para ter o prazer de te ver dormir, e ficaria ali… Por horas e horas,
vigiando sua respiração, seu sorriso vindo de um sonho bom, e você não saberia.
E eu te amaria a escondidas, te amaria como nenhuma outra apaixonada seria
capaz de amar, te amaria sem você saber. E quando amanhecesse moço, com hora
marcada, eu iria embora… Deixaria o sol brilhar, e não teria a dor de te ver
amando outro alguém, para poder na noite seguinte, voltar a sua janela, e mais
uma vez te observar em silêncio, como um amor platônico, que acontece todas as
noites. Até que chegaria o dia, em que eu iria te visitar, e você não estaria
dormindo… Estaria na janela, me esperando chegar. E eu deixaria a luz tocar a
sua pele, veria a mim mesma refletida em seus olhos, e choraria quando chegasse
a hora marcada, hora de partir e dar lugar ao sol. E então, eu viveria os dias
para esperar a hora do nosso encontro, para poder por algumas horas, me sentir
importante para você, e talvez, conseguir te arrancar um sorriso, sorriso esse
que eu tanto amo.
Mas eu não sou a lua, moço. Então, durma
bem, enquanto eu passarei mais uma noite pensando em você, olhando o céu da
minha janela, e imaginando como seria bom, se você também estivesse pensando em
mim…
( C.
Chriss - 05/05/2012 – 00:43h)
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