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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Amor crescente...


Amor crescente.


Olha a saudade batendo em minha porta, moço… Hoje ela bate. Não sei por que… Geralmente, quando percebo, ela já chegou. Na verdade, ela nunca vai embora… Sou eu que vivo me contradizendo.
Olha a caneca de café amargo em cima da mesa… De verdade? Prometi para mim mesma que não quero mais! Os papéis rasgados ainda estão empilhados no cantinho do quarto… há tanto tempo tudo aqui está fora do lugar! Está confuso, eu sei. Mas logo tudo se ajeita (inclusive os textos), prometo.
        Sento-me no chão lendo encartes de discos, dessa vez, a vitrola canta triste… Vou rabiscando qualquer coisa sem perceber. Eu deveria ter tomado aquela caneta do seu bolso, para agora encaixar um versinho no texto, dizendo que rabiscava formas descoloridas com uma caneta que era sua. Mas sempre tudo aqui dá um jeitinho de ser seu… ainda que não seja.
        Hoje, olhei para o céu por acaso, sem pensar na imagem que tanto admiramos (ou será que ela é que nos admira?), e veja só moço! A lua me sorriu. Sorriu com toda a sua graça, com toda a sua simpatia e beleza. Não estava cheia como em nossos devaneios, não me observava… não criticou meu andar apressado ou meus muitos pensamentos que há tempos não eram dirigidos a ela; ainda que eu tenha ficado triste, por não ter notado esse sorriso antes. Ela só sorriu. E eu devolvi o sorriso, amor, constrangida com tamanha elegância e imponência.
        E então, comecei a contar “coisas de nós”.
        Comecei a dizer o quanto é estranha a nossa história… O quanto as nossas cordas vibram na mesma frequência; o quanto descartamos a possibilidade de desafinar!
        Comecei a dizer o quanto nosso rádio sintonizava as mesmas canções e o quanto dispensava estática… Falei das nossas loucuras, dos nossos dramas, e das conversas sem sentido. Falei de você… e falei de novo! E fiquei falando… Percebi que ela me ouvia atentamente, serenamente. Então continuei narrando a história do casal de loucos apaixonados; história esta, que ela já conhecia.
        Contei dos poeminhas que escrevo, e dos acordes em que te monto todo dia no braço do violão. Eu sei, é clichê mais uma vez, mas é que ainda não consegui parar de recolher os seus sorrisos que ficaram pelos cantos da casa. Guardei um por um, mas toda vez que te lembro, eles se espalham, e às vezes prefiro que eles fiquem por aqui… me fazendo companhia… soltos!
        Contei como você passou a ter nome de amor, e mesmo assim continua sendo moço. Contra a minha vontade!
        Comecei a dizer o que sentia e porque sentia…
E foi aí, que comecei a achar que expliquei porquês demais, moço. Ela não me respondeu… E nem me sorriu mais! Talvez tenha se escondido atrás de uma nuvem, cansada de tanto ouvir sobre você… Talvez, tenha chegado a sua hora de partir, assim como todos temos a nossa. Mas talvez ela só tenha se cansado de sorrir, e como não estava cheia, eu não a notei mais por ali… Acho sinceramente que os porquês devam continuar em seu bolso, assim como ficou aquela caneta, que em agosto, eu queria só para mim.


( C. Chriss - 20/09/2012 – 01:53h )

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