Licença para falar sobre você, moço!
Mais uma vez…
Não quero me contradizer, moço, mas hoje
a casa está cheia. Está cheia de lembranças, pensamentos e saudade. Tudo o que
é meu está por aqui, ocupando espaço demais… Mas falta o principal, amor: falta
você que não vem… Que não chega… Então, a casa continua vazia.
Discos dos Beatles ocupam a mesa que,
antes, era cheia de textos sobre você… os textos agora estão por aí, amor,
jogados em qualquer canto, por vezes esquecidos, por vezes perdidos… Sirvo-me
de um café que me queima a boca, mas não me aquece por dentro. Renuncio esse
amargo! Não, já não quero mais.
Então vem! Traga as suas coisas e coloca
junto das minhas! Vamos usar a mesma gaveta para guardar nossas roupas e sentar
no chão à noite para ouvir L.U., acordando os vizinhos com nossas gargalhadas e
comentários loucos. Vamos passar a noite toda acordados, tocando nosso amor em
notas simples de violão e acordes de teclado… Vamos sentar na varanda para
observar a lua, que fará questão de se esconder só para nos contrariar… Ah
amor! Volta! Mas volta de vez para nossa casa, saia dos meus rabiscos e dos
meus discos, pois não quero mais te montar em acordes; não quero mais te
lembrar em poeminhas que ninguém entende, não quero mais ter que trocar as
lâmpadas de casa sozinha… Vem, amor, traga o ócio em uma tarde de domingo, e o
leve embora nas noites de sábado. Me cuide! Deixa que eu te cuide, meu bem. Deixa-me
distribuir “bom dia” pelas ruas, sabendo que meu dia só é bom, por causa sua.
Deixa solto pela casa aquele seu olhar seguro, de modo que eu possa encontra-lo
sempre que procurar em qualquer canto.
Veja
só! Tá sobrando saudade… e faltando muitas coisas… Mas eu sobrevivo, afinal,
moço, já é setembro, e o inverno tá indo embora!
( C.
Chriss - 17/09/2012 – 16:40h)
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