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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rio Preto e Branco - Poeminha

Rio Preto e Branco

Com o coração ainda acelerado, a chave gira na fechadura
estou de volta.
Os passos ansiosos levantam o assoalho castigado pelo tempo
O velho apartamento nunca esteve tão vazio.
O vento passa assobiando
Bate portas e janelas, sobe por minha espinha
Em algum lugar, a noite é calma. Aqui não.
Não é calma mas é bonita.
Da janela, a escuridão é imponente.
Uma árvore jaz triste sem as suas folhas,
Agora, livres por aí.
O medo visita com o vento, o céu esbraveja.
Já posso ouvir os pingos tímidos lá fora
Que horas são?
A solidão aqui é crua, mas hoje o gosto é doce.
No apartamento, há mais pensamentos que nos acordes de violão.
Nos poeminhas, a melancolia de sempre. Eu gosto.
No olhar uma espera contínua. Você não percebeu.
É mais escuro aqui sim! Bem aqui, dentro do peito!
Ser sozinha me assusta de um jeito que não preciso.
Um clarão… água caindo lá fora.

Não quero escrever hoje não.
Não quero cantar hoje não.
Quero fingir ser poeta não, gostar mais não,
E a noite continua bonita.



(C. Chriss – 03/12/2013)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Quarta laranja

Quarta laranja


Do alto vejo o que ninguém vê.
Do alto tudo é tão frágil, tão irreal…
Do alto, toco a sua alma; vejo o mais profundo o quanto pode ser o espírito humano, o tão complexo, o tão impossível. Imagino silenciosa e entristecida o que há por trás de cada montanha, procurando motivos para explicar outros motivos.
Em mim, o sentimento que habita não tem nome. É só um vazio intenso e extenso, que quero preencher com cada parte do seu vazio, com cada ideia e pensamento seus, e com tudo o que você não quiser. Porque mesmo sem saber, o pássaro que sobrevoou nós dois foi eternizado, mas agora pousa triste na palma da minha mão, parecendo padecer sentindo a sua falta. E ali ficará, eu sei, aprisionado nas desesperanças que inventamos, na gaiola que se tornou as linhas de um abraço mal resolvido, sobrevoando agora apenas sonhos, em um dia que ironicamente terminou como tela de cinema, e que não passou nosso filme. O pássaro nunca mais será o mesmo… e nós também não.
Resumimos o desfazer do sonho em uma única conversa de incertezas e talvez, inverdades.
Eu esquerda, você direita.
Eu água, você óleo.
Norte e Sul. Eu entendo.
(…)
Sorrio.
Uma lágrima cai antes que eu perceba… tudo bem. Tudo bem mesmo. E pensar que eu ainda me perguntava se gostava de você.

Coração que dói… mais um dia se passa e tudo continua comum.
Não pra mim.
Não hoje.
Do alto tudo parece tão mais simples… tão mais lindo do que pode ser a realidade.
Tão calmo… quase inumano.
Tão injusto…
Tão eu e você.

( C. Chriss – 21/11/2013 – 01:31h ).

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Outubro… as flores voltaram, você voltou

Outubro… as flores voltaram, você voltou


                                                               
E quando eu pensei que a gente já não “se cabia” mais, você apareceu. Depois de tantos meses, você apareceu. Depois de palavras que guardei, e jurei não mais dizer, você apareceu… Com o mesmo sorriso lindo de sempre, com os cabelos cacheados que me inspiram, em meio a poemas de Drummond e flores trocados, e com o jeito de quem se importa com coisa nenhuma. Tudo o que eu tinha era uma foto sua, e saudade… saudade… coragem.
        Agora, finjo que não te procurei. Que não inventei desculpas para o hoje se realizar. Que não contei os dias que se arrastaram, para ver meu plano de te ter aqui comigo dando certo. Quanto tempo, amor! Quanto tempo… sorrio mesmo sabendo que você não vai ficar. Todas as minhas promessas foram descumpridas… chorei quando aquela música me tocou a alma e me lembrou você. Sorri com cada parte sincera do meu corpo, quando naquele bilhete veio gravado o seu nome. E eu prometi para mim mesma que eu não queria mais. Por que será que eu não consigo simplesmente te esquecer? Tantas vezes minhas preces foram dirigidas ao acaso… queria te ver apenas mais uma única vez, e explicar que o universo não existe sem a gente. Queria esbarrar com você por aí, e perceber que você ainda me encanta, me motiva, me cura dessa angústia sem tamanho que habita em mim desde que você saiu do meu mundo. Por favor, não some mais assim… volte pra me ver; liga, canta… Volte pra falar das mesmas coisas… Volte pra cuidar de construir o que ainda não tivemos tempo.
        Você gosta de ser lembrado, e eu sei. Não te esqueci nem por um segundo, desde a sua última partida. Confesso que tinha esperanças de que voltasse naquela data tão importante. Mas ela se foi, e eu guardei tudo o que eu tinha de presente; inclusive todo o carinho que eu trago dentro do peito. Hoje você volta, mas sei que mais cedo ou mais tarde, a estrada será seu rumo novamente. Você é dela, e não meu… você é da partida; e eu, da solidão. Mas eu entendo… entendo e não aceito. O que temos em comum é a melancolia… e isso, distância alguma vai mudar. Segure as minhas mãos, olhe nos meus olhos: e diz pra mim que a gente não nasceu pra dar certo!


( C. Chriss – 29/10/2013 – 01:37h )

domingo, 27 de outubro de 2013

Transição

Poeminha de canto de página...


Transição



Caminho apressada, buscando algo em mim que ainda valha a pena.
Buscando alguma razão para acreditar que posso tentar mais uma vez.
Cidade adormecida, calada.
Mãos trêmulas… Alma compactada, quietinha… silenciosa.

Caminho apressada, o pensamento é um só.
Coração batendo tão depressa quanto pode,
O céu que se abre sobre mim é testemunha do temor,
Sigo sussurrando palavras inaudíveis a quem passa sem me perceber.

Caminho apressada, coração na boca,
Pensamentos a toda,
E repasso o plano mentalmente.
Aperto o passo… sinto a garoa…

Caminho apressada, me sinto vazia com todo esse silêncio.
Saudade que fica, lembranças contidas…
Sintonia defeituosa que quero concertar.
Acordes memoráveis que não toquei. Em cada passo, palavras que eu não disse.

Caminho apressada, seus cabelos cacheados me motivam:
Preciso os ver outra vez.
Os passos ecoam nas ruas quase vazias,
Estou ali sem saber por que e para que.

Caminho apressada, há algo importante a fazer.
Viro a esquina e tenho as roupas úmidas
As ruas estão cheias de nós dois! Mas hoje, escuras permanecem,
As lágrimas são detalhes… marcas profundas em cada centímetro de solidão.

Não há o que dizer.
Há muito o que perdoar.
Um sorriso sincero surge tímido no canto dos lábios,
Tempo a recuperar… Só mais um pouco de coragem!

Paro. É hora de fazer o que vim fazer.
Respiro fundo.
Uma… duas… três vezes.
As estrelas sumiram do céu.

O mundo parou pra nós dois.
O tempo não passou naquele instante.
Nosso olhar se entendeu… se perdoou.
O coração silenciou, acalmou.

- Ei, moço, vim tomar de volta meu lugar!
Questão de segundos, leve consentimento sem palavras.
Conheço esse olhar, essa expressão…
Tudo aqui é tão meu! O universo sabe… a gente ainda se ama.


(C. Chriss – 27/10/2013 – 01:25h)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cinco meses

Cinco meses


  Lá se vão cinco meses… e você não voltou.
        É estranho, eu sei. É estranho até para nós, que nos acostumamos facilmente com tudo o que é estranho. Mas dessa vez, eu não tive notícias suas. Nenhuma. Nenhum telefonema, carta, bilhete. Ninguém veio me dizer que te encontrou por aí, nas mesmas estradas de sempre, com o olhar atento e procurando por algo que eu não sei o quê.
Eu não sei de você…
Ninguém sabe.
        Mas de qualquer forma, querido, eu tentei te encontrar; e há cinco meses, eu sabia exatamente onde te achar. Voltei lá, mesmo com a certeza de que o nosso destino daria um jeito qualquer de te levar para longe de mim mais uma vez, afinal, era o que sempre acontecia. De certa forma, não sei se acredito em destino, mas o fato é que você não estava, e eu já devia saber. Cada canto ali, me lembrou de tudo o que eu sempre fiz para você me notar. Os bancos ainda continuam no mesmo lugar… a vaga de estacionamento, o lugar onde você costumava sentar e conversar com os amigos. Ah… parecia que estava tudo tão certo! Mas sei que você é das idas e vindas, amor. Sei que você é da estrada, é da fuga, é da distância. Ainda assim, não acredito. Não sentiu minha falta ao menos uma única vez? Nunca chegarei a saber. Mas apesar de todo o orgulho - que você sabe que no fundo eu tenho - senti sua falta. Sofri cada sorriso que você não me deu. Chorei cada palavra que você não me disse. Amei cada fio do seu cabelo cacheado, e me entristeci com o pensamento de que talvez eu nunca mais vá te ver. Odiei cada lembrança boa que você deixou; porque elas me atormentam amor, tiram meu sono, me engasgam em palavras que talvez eu nunca vá chegar a dizer. E como eu tenho coisas para te dizer! Como eu queria só mais uma chance, pra poder te olhar de novo, e tentar fazer tudo diferente. Pra poder te dizer que hoje, o que mais importa é a gente se entender, se querer, se amar. E olha que a gente se entende, amor! A gente sempre se entende. Me perdoe pelo descuido da sua partida… Volta, e eu não te deixo partir nunca mais.
        Porque a primavera chegou, moço, nossa estação… e agora é fria. É fria porque não tem mais a gente discutindo o que é liberdade, e nem você me contando casos antigos naquele banco, sem perceber que eu poderia ficar dias e dias ali, e que minha atenção continuaria presa em você, no seu jeito de falar e de sorrir calmamente. Mas olha, eu volto, prometo. Um dia eu volto pra te procurar novamente, pra te abraçar apertado e te levar pra casa. Prometo.
        Meu…
        Meu poeta… meu escritor… meu amor.


( C. Chriss – 30/09/2013 – 23:45h )

domingo, 22 de setembro de 2013

Para uma amiga, com carinho...

Ps.: Não é sobre você dessa vez, moço... 



Como o tempo passa depressa.

Como costumam dizer nossos avós, depois dos 15 anos a gente fica velho o tempo voa e a gente acaba querendo voltar a ser criança.
É com essa reflexão que começo esse texto, que tem nome, sobrenome e endereço.

É difícil entender a minha cabeça a cabeça de um jovem. Há um tempo atrás, eu tinha certezas que hoje não tenho mais. Amores que achava que seriam para sempre… amizades que eu tinha toda a certeza do mundo que seriam eternas. Ah as amizades! Tantos sorrisos pelos cantos daquele chão quadriculado… quantas vezes aquelas paredes nos viram tocar nossos violões “gemidos” violão e sorrir, entre uma joia rara e outra, sem nos preocupar com o dia que viria depois. Sem nos preocupar com o fato de que estávamos crescendo amadurecendo, e as coisas logo mudariam. E então o tempo passa, e eu vou embora os amigos vão embora. Coisa estranha é essa nossa vida! Tão estranha, que às vezes chego a pensar que seja injusta. Passamos os dias pensando em quando voltaremos… se tudo estará no mesmo lugar. Se as pessoas serão as mesmas… se as amizades estarão nos esperando. Se quando estivermos velhinhas, ainda teremos uma à outra, pra rir e lembrar do passado. Medo cruel que se concretiza! Antes de dormir, faço uma prece: onde quer que estejam esses antigos amigos, que estejam bem. Me permito as vezes ser egoísta: por favor, que pensem um segundo ao menos em mim!
Ah! Ainda temos um recurso… como eu não havia pensado nisso antes! Vivemos na era digital. Somos a chamada geração Y/Z! Esperaremos todos ficarem online e… e… nossas conversas não costumavam ser assim. É o afastamento que a internet causa, claro; só isso. É apenas essa impressão de distância que me fere a alma, nada mais, tenho certeza. Vamos tentar mais uma vez! (…) Oh! Não respondeu… Acho que vou deixar um recado perguntando o que está havendo… bem, melhor não. Quero o contato! Quero ver seus olhos… quero a emoção de te rever e te dar um abraço apertado, carinhoso!
Mas, está tudo tão diferente aqui… O olhar das pessoas é duro… Ah Deus! Quanta tristeza! Não me reconheço mais… Não me reconheço mais aqui. Não me olhe assim! Está esmagando meu coração…
Volto e revolto. O que aconteceu com as pessoas? O que aconteceu comigo?
O abraço não é mais o mesmo…

- Oi! Tudo bem?
- Sim. E você?
- Também!
(silêncio)
- Ótimo! Nos vemos por aí… qualquer dia.
- Certo! Até qualquer dia!

Não! O que houve com a nossa amizade? Éramos tão íntimas! Tão íntimos!
Ei! Espere! Por que a pressa? Quero saber como estão seus dias! Quero saber como anda a sua família! Quero saber como está sua irmã! Se você encontrou o amor da sua vida… se acordou bem… se tem comido direitinho… se alguém está ao seu lado para secar suas lágrimas, para te abraçar apertado e te aconselhar quando for preciso… se você tem escrito coisas novas, se tem alguém que possa contar, quando precisar desabafar; se tem novos sonhos, se tem passeado… se encontrou novos amigos, se tem pensado um pouco em mim, se tem sentido minha falta…
Enfim… o tempo anda curto, não é? Sim, eu entendo. Nos vemos por aí! Algum dia. Mas enquanto isso, o que faremos?
Ei! Espere! Não vá ainda… é tão cedo! Deixa eu te abraçar mais uma vez e te beijar no rosto! Esperei tanto tempo para matar essa saudade! Será que ainda se lembra das nossas conversas? Será que ainda se lembra de quando nos falamos pela primeira vez? De tudo o que aprendeu e me ensinou? Afinal, não faz tanto tempo assim… ou será que faz? É verdade, eu me lembro… faz mesmo muito tempo. Ahhh… que voz linda você tem! Cante pra mim deixa eu chorar ouvindo você cantar aquela canção que a gente costumava tocar juntas... Como assim? Você não se lembra mais?
Ah! Por favor, não se espante… está tudo bem comigo, juro. Essas lágrimas nos meus olhos são saudade… saudade do nosso tempo de amizade, que a vida a cada dia leva pra mais longe. Chorarei hoje, escondida… sozinha. E você não saberá que é por sua causa. Melhor assim…
Mas não há problema! Vou me virando como posso. Tenho nossas fotos… e tenho minhas lembranças. Algumas coisas não podemos mudar, por mais que a gente queira… e eu aceito isso.

E chego à conclusão de que nossos avós estão certos.
Quantos amigos eles já devem ter deixado pelo caminho durante toda a vida? Quantas pessoas especiais o tempo já separou até hoje… talvez esse seja o nosso tempo. E por isso digo, injusto! Vida injusta essa nossa. E logo depois me arrependo… Injusta sou eu, que a culpo. A vida não tem culpa… Todos mudamos com o passar do tempo, e é natural que coisas que nos eram importantes antes, virem apenas detalhes. Sabe, ouvi dizer que isso passa… ouvi dizer, que esse aperto no peito melhora com o passar dos anos. Assim espero. Assim acredito. E é com lágrimas nos olhos, que digo que dessa vez demoro a voltar não que isso seja importante.
       
Até qualquer dia... Ou não.


( C. Chriss – 22/09/2013 – 02:15h )

terça-feira, 10 de setembro de 2013

É inverno no mundo...

É inverno no mundo...



E quanto tempo adiei a escrita desse texto… e quanto tempo adiei tudo mais o que eu pude adiar. Mas a manhã hoje foi barulhenta demais, meu bem, e no fim do dia, você não estaria aqui para fazer tudo cessar.
        Então, permita-me voltar no tempo mais uma vez! E não se espante se as palavras se repetirem… os sentimentos por aqui, querido, continuam os mesmos.

Hoje o vento canta e a chuva cai diferente lá fora… É forte e trás saudade. Acompanhou-me até aqui sorrateiramente, proposital. Queria fazer fundo para a minha tempestade interior… Agora ambas as tempestades se encontram, se conversam, e parecem rir de como eu aparento não me reconhecer mais.
        O abajur desenha formas que sei de cor. Poderia descrever com detalhes cada uma delas se quisesse. As paredes agora são um cômodo pequeno, cada vez mais apertado, diante de todas as coisas que não levarei comigo… Inclusive você. Em cada canto encontro um sorriso, um coração, um sentido. Hoje tudo me é tão comum! Mas ao mesmo tempo, não tem mais a minha cara… Estou onde costumávamos conversar e rir de nós mesmos, discutindo nossos assuntos casuais, e nos sentindo importantes. E realmente éramos! Importantes um para o outro, e só a gente sabia.
        Os rituais foram cumpridos dia a dia… mas para mim, agora em todas as noites a lua parece triste. Não quero mais que ela seja testemunha das minhas lágrimas que caem, pensando que talvez, em algum lugar, outra pessoa possa estar descrevendo suas manias, assim como eu costumava fazer. Saiba que aqui, ninguém sabe me bagunçar tanto e me inundar por completo como você faz!
        Mas é tarde… preciso ir embora.
        Preciso ir embora de mim mesma! Estou partindo… sinto muito.
        O inverno aqui, chegou bem antes, amor.

        Hoje, nenhuma música me acalmou… a vitrola vai ficar.
        Nenhum vento tocou o meu rosto.
        Nenhum espelho quis refletir a imagem de tristeza que trago comigo desde que você se foi.
        Nada ajeitou o meu cabelo. O violão foi guardado sem uma corda, com a promessa de que nunca mais seria tocado, se cada acorde não fosse para você.
        Meu sorriso nunca mais foi tão espontâneo.
        A lua, meu bem, não apareceu. O silêncio dói, e eu juro, que todas as palavras não ditas, eu entendi.
        Os pensamentos parecem caber em uma caixinha, e estão espiando lugares que eu ainda não descobri. E nem sei se quero…
        Meu telefone nunca mais tocou…

        Aos poucos, fui deixando de ser eu… fui guardando cada disco velho em uma caixa, e a vitrola tem tempo certo pra sumir. Não me importo… não levarei nada disso. Procurarei não voltar… tem muita coisa aqui que quero esquecer.
        A questão é que fui embora sem saber que meu coração já havia ido bem antes de mim. Ele foi em um dia de agosto - um dia de gosto - em que você me aqueceu a alma. E eu sorri, não tão sincera, com as lembranças que encharcavam claramente a mim desde aquele dia. Lembranças de algo que não merecia acabar assim... E hoje ainda permanecem perdidas, em meio a pensamentos de como as coisas poderiam ter sido diferentes.
        Mas, meu amor, eu vou escrever para você de novo… vou escrever com todo o meu carinho, e tudo vai ficar bem. Escreverei amanhã. Ou talvez depois… Daqui a um mês ou três. Desculpe… talvez eu realmente nunca escreva.
        Sabe, a nossa vida é mesmo estranha! Às vezes fazemos promessas que não podemos cumprir. Quando pensamos que temos o controle de tudo, as coisas se esvaem. Mas só que, dessa vez, eu desisto de viver em um mundo sem você. Porque toda vez que olho o céu e encontro a lua, lembro do nosso triângulo, e me permito sorrir por um instante, fazendo uma prece para que um dia você volte. E volte pra mim… e volte pra sempre. Então, volta, meu bem, porque com esse mundo todo a gente se entende! Mas hoje não, hoje é a gente que tem que se entender… para que a vida se renove, fique cada vez mais bonita… e que venha a primavera!



(C. Chriss – 14/07/2013 – 03:05h)

Convite

Sei que falei demais, e me expressei de menos. Sei que senti muito, e agi mal em não deixar você perceber. Talvez seja tarde… e moço, eu realmente quero que saiba que eu ainda sinto muito.


Com o céu colorido de laranja, a noite aqui parece dia. Frio… Os primeiros pingos de chuva aparecem de mansinho, e se misturam carinhosa e cuidadosamente com as lágrimas que caem do 4º andar. Estive tão perto, e isso é estranho… Juro que já nem acreditava mais na gente. Então, permita que eu volte no tempo: Um convite, um cartão, uma semana, uma mensagem, cinco meses, um novo ano… Segunda-feira, 13 de maio. Café quente para dois, por favor! A conversa será longa… longa e feliz.
        Reencontrei seus cabelos cacheados e os óculos circulares, e lembrei-me do quanto eu adorava escrever sobre você. São bobagens, eu sei… faz tempo. Sorri com o pensamento de que nunca mais encontrei cabelos tão lindos quanto os seus, e com a lembrança de que perdi a conta de quantas vezes já escrevi essa mesma frase. Soube que a noite te agrada, e o som que escuto vem de um violino que arrisquei imaginar por alguns segundos.
        Mais um café, por favor! Ou melhor, dois! Hoje é um dia especial e a conversa se prolonga… nunca esperei tanto por uma sexta-feira. Que infelizmente, não chegou.
        Agora a chuva faz barulho, e começa a sacudir levemente a janela… nunca havia me parecido tão bonita! Saio dos meus pensamentos para perceber que daqui a alguns minutos será outro dia. Você não veio hoje. Não veio ontem… Não veio durante todo o mês. Não apareceu mais. E eu esperei, moço. Esperei todas as noites que você aparecesse… Ainda não me acostumei com a sua ausência constante por aqui; e sabe, não me faz bem sentir sua falta.
        Com a chuva caindo lá fora, faço uma prece: “Ah… mesmo que seja só por hoje, traga meu amor”. E mais uma vez, dei um sorriso de canto para mim mesma, acompanhado de um pensamento bobo de que talvez, em algum lugar dessa cidade grande que vejo da janela, você estivesse sentindo essa chuva na alma, e pensando no quão diferente ela está agora… De qualquer forma, peço desculpas: Não espere que as minhas palavras façam sentido, meu bem; e por favor, não as sinta em seu coração. Não me fale do café, da vitrola, e de sua partida. E, se de fato voltar, apenas conte-me como foi o seu dia, conte-me das noites passadas e dos sonhos que teve… fale de mitologia, que te contarei então que vi uma estrela caindo, e te revelarei meu pedido, ainda que você já saiba. Prometo não dizer que senti sua falta, que tudo aqui ainda é seu, e que eu nunca esqueci a sua linda boina azul…
        Então, já é tarde… e outro dia.
        Que durma bem, querido… com essa chuva linda e salgada que cai hoje de companhia. E a propósito, sobre a estrela, falei seu nome baixinho… e pedi para que, onde quer que você esteja agora, esteja pensando em mim e em voltar pra casa. Afinal, amor, já é inverno outra vez…


( C. Chriss – 28/06/2013 – 00:15h )

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Punhal


E ela disse adeus... sem querer.
Sem saber, sorriu com a alma... chorou com todo o coração. Logo logo é dia de ir embora. E essa, era a única despedida que ela não queria ter.

( C. Chriss - 26/04/2013 – 21:30h )

Boa noite...



"...Acordei sorrindo, moço. Não, não tem muito motivo... Pra ser sincera, é que lembrei-me daquele teu sorriso de lado, e da alegria impregnada em mim ao me deitar. Mas sabe, não confesso que a saudade já está batendo aqui. Tenha uma boa noite..."

( C. Chriss - 24/04/2013 – 20:44h )

Rabisco no canto da página 7...

E tudo isso, moço, só porque você ainda não sabe, que a vida fica muito mais bonita, quando você chega...

( C. Chriss - 22/04/2013 – 23:16h )

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Rabisco no canto da página 6...


...E então, me lembro de esquecer tudo o que sinto... sorrio, e me descuido. Dane-se a delicadeza, moço. Na verdade, não quero ir por sua causa. Peça para eu ficar um pouco mais...

quarta-feira, 13 de março de 2013

...

E mais uma vez você vai e volta, moço. Volta e vai...
Já não sei se me permito continuar te esperando. Então, por favor, volte. Volte e não me deixe mais...

terça-feira, 5 de março de 2013

Sinfonias que ventam...


Não sei como começar este.
        A cada dia sinto como se me perdesse mais… e na maioria dos casos, eu só queria ser achada, amor.


        É que às vezes, fico me perguntando se você se lembra de quando te encontrei naquela estrada. Ou será que foi você quem me encontrou? Não importa. Seus olhos ainda são os mais lindos, moço. Não esqueci nem por um instante os seus cabelos cacheados e os seus óculos circulares… Daria qualquer coisa para sentir sua timidez me invadir de mansinho, para perceber seu olhar se desviando para o chão enquanto fala e seu sotaque engraçado que me fazia sorrir. Lembro bem de como seu tom de voz mudava no começo de cada frase… Meus textos nunca deixaram de ter você depois que te conheci. De você sim, amor, quero esperanças… dê-me fio por fio!

        Mas sabe, já faz tempo… e todo esse tempo, foi a última vez. Senti meu peito apertado, e confesso que chorei, com o pensamento de que o mundo não tem e nunca teve nós dois. Queria ter a chance de te mostrar que existem mais coisas do que se pode ver; te provar que é melhor viver a dois meu bem, e que não se pode explicar tudo. Queria apenas rir das suas piadas sem graça em um final de semana, e sentar para ouvir as suas sinfonias preferidas de Ludwig van Beethoven. Mas hoje não… Hoje você está diferente…
        Te percebo bem perto, e espero o momento certo para mostrar que estou aqui. Sempre estive… talvez você é que nunca tenha percebido. Os primeiros olhares são de espanto: acho que devia ter avisado que viria. Não avisei. Os cumprimentos são comuns… Não há nada de especial neles. Desvio o olhar e te perco de vista por algum tempo - para te achar bem depois - agora já ciente da minha presença, e disfarçando todo o incômodo pensamento de que eu, um dia, deixei perceber o quanto quero te roubar e cuidar do seu coração. Minhas mãos tremem. Seus cabelos continuavam do mesmo jeito, com os pingos de chuva costumeiros, que já começavam a cair de leve, e salpicavam todos os cachos que eu tanto amo. A timidez ainda nos acompanha, e meu olhos insistem em te devorar sem receio. Logo logo estarei partindo pra sua estrada. Não escolhi, meu bem, juro. O acaso é quem quis assim… ou o destino; chame como quiser. A verdade, é que estive ali por sua causa, e inventei um monte de mentiras, confesso, apenas para te ouvir falar mais um pouco sobre mitologia, e sorrir, por estar tão feliz em te ver. Mas digo que não, se assim preferir. Invento mais mentiras descaradas, e desculpas insanas para que ninguém saiba; depois, te peço perdão mentalmente, por erros que nunca cometi. Enfim, não tente me entender. Estou acostumada a rir dos meus próprios sofrimentos, e a retalhar corações com pedaços do meu.

        Agora é hora de ir embora, amor.
        A despedida é ligeira… mas são palavras que pensarei por toda a noite. Ainda que comuns aos olhos de muitos, tocam meu coração com o seu tom, caem como um carinho, e ventam como nunca antes alguém conseguiu fazer. São palavras regadas de frases não terminadas, de expressões mudadas e medidas, de significados alterados. Sim, meu bem, tenha também um bom descanso... O último olhar e o último sorriso, levo comigo. Estão agora trancados entre todas as lembranças que terei dessa noite. Noite chuvosa… dentro de mim, e fora.
        Volto para casa, esperando o dia em que partirei definitivamente, e que viverei entre mecanismos e laranjas, juntamente com você, e as sinfonias contagiantes de Ludwig van…


( C. Chriss - 05/03/2013 – 01:18h )

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O correio, enfim, chegou...


Não precisa esperar mais, moço. Sua resposta chegou…



"Ahh moço… Há tanto tempo não escrevo…
        Você não ligou, e eu entendo. Juro que não esperei que ligasse. Afinal, você nunca liga... Mas confesso que também não esperei receber uma carta com sua letra rabiscada, que conheço tão bem. Sabe, queria que estivesse ficado. Ficado para que eu olhasse em seus olhos, nem que fosse pela última vez antes de você partir de novo; para que eu tocasse o seu rosto, e perdesse a cabeça por um instante, dizendo que senti sua falta, para logo depois me arrepender como sempre. No entanto, a carta estava lá, no meio da sala que a cada dia fica mais vazia; e de você, ainda nem sei. Talvez hoje você seja só um antigo amor, vacilando entre alguém especial que conheci em uma dessas estradas na tentativa de fugir de você, ou quem sabe, fugir das nossas próprias mentiras.
        Sei que entrou em nossa casa como antes: A minha promessa de trocar as fechaduras ainda não foi cumprida, assim como tantas outras. E me envergonho disso. Não sei se ainda quero esperanças, meu bem. Guarde-as inteiramente pra você. Não sei se ainda acredito no que você diz…
       
Dói saber que meu sorriso não tem mais você. Talvez seja mesmo tarde demais pra pensar que te amei mais que a mim… Nosso amor era de mentirinha, e meu maior erro foi demorar perceber. Afinal, se me ama, por que vive entre todas essas idas e vindas? Fiquei imaginando se teria lido os versinhos e poeminhas que ainda estão jogados por aqui… Já não sei dizer se são seus. Mas penso que estava ocupado demais, para se preocupar com meus rabiscos sem coesão. É melhor mesmo que tenha retomado a estrada. E por favor, não se sinta obrigado a voltar. De verdade. Vem se tiver vontade, quando tiver vontade… Vem quando der. Acho que o que sente é arrependimento...

Então deixa, que guardo aqui, debaixo do travesseiro.
Então deixa, que aqui tem arrependimento de sobra pra nós dois…"

( C. Chriss - 20/02/2013 – 01:34h )

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Entrelinhas do moço...


Enfim, a moça recebeu uma carta. Divido com vocês agora, as palavras doces e as entrelinhas do moço:



“Bom, aqui quem vos escreve é um homem que há muitos anos se fechou para o amor. Desde quando parti e deixei a mulher que mais amava, nunca tive a coragem de procurar em outras tudo o que ela possuía, ela era única, ela era minha. Mas eu parti, parti e a deixei aos prantos, fui um covarde por não saber compreendê-la, fui um fraco por não saber amá-la como ela merecia ser amada, mas ao meu modo eu amei-a. Ela possuia o sorriso mais belo e tímido, o olhar mais aconchegante e acolhedor, ela era muito mais que um amor, foi a única amiga verdadeira que possuí, mas eu não soube dar valor e hoje eu lamento por isso.
        Tenho várias cartas dela jogadas em vários cantos da casa. Ela nunca se esquece de mim, sempre me escreve para saber como estou, mas eu nunca respondi a nenhuma dessas cartas, a única coisa que eu faço é tirá-las da caixa do correio e jogá-las ao vento, podia tê-las queimado, mas não, sempre as guardo para que em algum dia, quando eu tiver vontade, poder pegá-las e lê-las.
        Um dia desses, senti um vazio dentro do coração, um aperto, um tipo de saudade inexplicável, estava sentindo falta dela, muita mesmo, então peguei uma de suas cartas que já havia recolhido e guardado na gaveta da minha mesa e começei a ler. Chorei, admito, dizem que homem não chora, mas isso é pura mentira, ainda mais quando se ama de verdade. As cartas possuiam o perfume dela, o cheiro doce, o cheiro de sua pele, o qual eu nunca me esqueci, lembrei-me de seus beijos e abraços, ah, como eram especiais, como eram verdadeiros e cheios de amor. Sim, como era bom imaginar o som de sua voz a cada palavra lida naquelas cartas, era bom novamente poder senti-la próxima a mim, mas eram somente pensamentos e nada mais.
         Em suas cartas, ela sempre me contava o que acontecia em sua vida, o que ela estava fazendo, como passava o tempo, mas nunca mencionou em nenhuma delas que estava com outro ou se estiver também não quis me contar, mas não nego que isso me deixou feliz, ainda tenho esperança de ser o único.
        Depois de tanto esperar eu resolvi responder às cartas, mas quando peguei a caneta e a folha de papel, nada consegui escrever, não saia nada, minhas mãos tremiam, não sabia como começar e muito menos o que falar a ela, então desisti e mais uma vez fui um fraco por não saber expressar meus sentimentos.
        Não consegui dormir, vaguei a noite toda pela casa e de repente sentei-me e começei a escrever, sim contei de minha vida, contei o que estava fazendo e no final ao falar sobre o nosso amor, sobre o amor que carregava em meu peito, chorei novamente, era tão bom escrever sobre ele, era tão bom poder falar sobre ela, isso era a única coisa que me fazia feliz, e o que me fazia permanecer vivo neste mundo de pessoas que hoje constroem um amor falso, era saber que o dela por mim era verdadeiro e que mesmo depois de eu ter sido um idiota com ela, ela nunca deixou de me amar.
        Hoje sou eu que espero a resposta da moça que tanto amo, moça do olhos castanhos, da voz meiga, de personalidade forte e de um jeito tímido, dona do mais belo sorriso. Hoje sou eu que estou ancioso, sentado na relva verde, sentindo a brisa leve que toca o meu rosto, aguardando aquilo que eu a fiz esperar por tantos anos, um sorriso, uma respiração agitada, um coração feliz, um amor de verdade.”

(Carol Marchi)
        
         *Nota de canto de página da moça: Aproveito aqui, para agradecer com todo o meu coração à moça e amiga Carol Marchi, por tão grande carinho com essa moça que vos fala. Obrigada por participar da minha vida, e de todo esse sonho…

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rabisco no canto da página 5...


"Amor, no fim, tudo se ajeita. Você vai, mas volta. Eu digo que vou, mas fico. Então que seja assim. Me ame; que eu te espero voltar…"

( C. Chriss – 07/02/2013 – 22:10h )

sábado, 26 de janeiro de 2013

De olhos abertos


Peço desculpas, moço, por não ser sobre você dessa vez... Foi preciso. Mas deixa estar...
                        
De olhos abertos


Ela dançava com as pedras,
E voava sozinha nas horas vagas.
Nunca imaginou que tudo pudesse ser tão colorido e tão diferente lá de cima.
Seus pensamentos estavam ali. Todos…
E ela os podia alcançar quando quisesse.
Uma mulher lhe oferecia ajuda,
Seu rosto lembrava alguém,
E suas roupas eram feitas de limões.
Então estendeu a mão
Mas ninguém a pegou, estava sozinha de novo.
Uma árvore flamejante lhe dava conselhos:
“Não feche os olhos menina!”
E tropeçou sem querer,
No coração que alguém ali deixou.
Ela costumava achar os corações que as pessoas não queriam mais
E recolhia,
Para o caso de precisar trocar o seu…

Em uma das trocas, mergulhou no abismo que era a própria consciência,
E de lá não pode mais voltar…
Descobriu um mundo negro
Tão negro, que não notava os medos,
E nem as pessoas que ali falavam sem mover a boca
E de repente teve certeza que ali devia ficar.
Talvez quisesse ter pulado de um trem em movimento,
Pois preferia o mundo preto e branco de agora.
Mas pediu pra descer na última estação,
Com lágrimas nos olhos e vontade de voltar pra casa…
Nunca mais voltaria.

Às vezes mentia,
Dizendo que não havia conhecido o colorido
E que nunca havia voado sozinha.
Uma mulher de rosto conhecido bateu nas suas costas,
Ela estava no abismo também,
As roupas eram limões,
E tinha mãos de fogo.
Ouviu a mulher sussurrar em seu ouvido:
“Não feche os olhos menina!”
E antes de fazê-lo, a viu se transformar em árvore,
E sentiu o frio chegar de repente.
Desejou que as mãos de fogo a tocassem,
Mas o frio ali era eterno.
Aceitou então de boa vontade que o frio a envolvesse,
Não sabia de onde conhecia,
Nunca mais sentiu falta da alegria
E então viu que era diferente:
Tudo o que ela queria era virar a cabeça
E ver o mundo ao contrário pelo menos uma vez,
Sabendo que era só virar de novo, e ele invertia.
Talvez quisesse mesmo era ver o mundo do avesso,
Onde pudesse fechar os olhos tranquila,
E pudesse admitir que voava porque gostava.
Onde ela se cuidasse, se curasse,
E as coisas girassem mais, porque gostava dessa sensação.
Onde pudesse ver o preto sobre o preto
E o branco sobre o branco.
Onde as pessoas mexessem a boca ao falar,
Onde fosse sempre noite,
E a loucura fosse considerada normal…
Quem vai dizer?
Talvez ela agora só quisesse voltar à vida,
E desejasse não ter fechado os olhos tão depressa.

(C. Chriss – 12/01/2013 – 03:29h)