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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Rabisco no canto da página 3...



E a moça ficou mais feliz… Mas só por causa de uma música conhecida, tocada no celular naquela data tão especial, indicando uma nova mensagem de um moço nunca esquecido, que a chamava de querida, e a quem ela queria dar o seu coração de presente de natal.

( C. Chriss – 24/12/2012 – 18:40h )

sábado, 22 de dezembro de 2012

Fim da estrada


Fim da estrada


Já não sei em que ponto dessa história me perdi para poder te achar, meu bem. Só sei que já sinto a sua falta, mesmo sem ter tido a sua presença algum dia. Sinto, desde o momento em que te coloquei em algum lugar entre o meu travesseiro e meus pensamentos, onde venho te buscando constantemente, ansiosa por um sorriso seu, que me faça ter certeza de que minha vida ficou muito mais bonita, desde o momento que você chegou. Sinto sua falta por querer sentir, e porque tenho medo, de que eu não possa te ver outra vez… Sinto sua falta porque te idealizei, te inventei. Criei gestos e formas que você nunca teve. E sabe, o mundo ficou melhor assim. O MEU mundo ficou melhor assim.
Acho que erramos. Algumas coisas devem continuar como são, e seria melhor se você não tivesse entrado na minha vida desse jeito. Desculpe as palavras atravessadas, cavalheiro. A culpa continua sendo nossa. A mim, assusta pensar que, talvez, não mais verei o reflexo rubro do meu próprio rosto em seus óculos circulares toda vez que você aparecia; ou rir do seu sotaque engraçado. Assusta acreditar que seu tempo por aqui se foi… Você não volta, meu poeta. Essa estrada teve fim.
Me dê a mão como da última vez. Olhe para mim como se só eu existisse. Envolva-me em um abraço apertado e me prenda em carinhos descompromissados… Pois me encanta sua voz, me fascina o negro dos seus cabelos, que combinam lindamente com seus olhos. Deixa que eu exista pelo menos por alguns segundos em um sonho teu, e dance comigo até cansar, em meio a passos mal ensaiados, aquela melodia que tantas vezes admirou tocada serenamente no piano.
Talvez, eu não tenha tempo de te explicar porque eu sempre esperei alguém que nunca chegou, e que na verdade, era você que eu sempre esperei. Mas talvez, não tenha explicação. Essa deveria ser a melhor estação do ano, e no entanto, o gosto ainda é amargo. Não deixe o café esfriar… Volte antes!
Não vou mais te encher de perguntas moço, e ver você ficar nervoso com cada uma delas. Não mais. Dessa vez, eu prometo. E talvez algum dia eu te prove, que eu sou mais do que alguém querendo mudar o mundo sozinha, e que não sou uma personagem qualquer, perdida em textos sobre um moço de cabelos cacheados e músicas dos Beatles. Será? Talvez eu seja mesmo. Talvez eu seja essa revolução toda.
Quero hoje, meu bem, ouvir uma música que não dói. E acreditar, que no cantinho daquela folha, você leu meu telefone em caligrafia caprichada, e resolverá ligar algum dia, nem que seja apenas para dizer que teve um bom natal, e que se lembrou de mim, quando alguém te perguntou sobre uma poesia que gostava, ou sobre alguma música do Los Hermanos.

Agora, feche os olhos e sinta… O verão chegou, meu bem. Finalmente.

( C. Chriss - 21/12/2012 – 19:50h )

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cortejo...


Antigo moço, pela última vez.


        Hoje não precisei regar a casa com café, e nem com lágrimas doces para te encontrar em algum canto, meu bem. Reconheci do outro lado da linha a voz rude do homem que abandonou a casa e partiu sem explicações. Mas talvez não tenha sido bem assim. A dramatização, amor, é por minha conta.
        Já faz um tempo que voltei pra casa, e juro que não sei por que ainda escrevo. Você agora pensa em voltar, e eu não te julgo: tudo era tão bom quando estava aqui… Mas não acho mais que merecemos toda essa fantasia.
        Sabe, procurei seus olhos naquele moço da estrada… e me perdoe amor, eu encontrei olhos ainda mais bonitos, e que também me aqueceram como os seus fizeram no início. Encontrei cabelos cacheados, e um rosto tímido, cheio de certezas, que na verdade, senti não passar de sonhos. E eu resolvi sonhar também.
        Não me culpe. O verão ainda nem chegou…
       
        …E eu ainda amo o modo como você cantarolava algum clássico, fazendo gestos estranhos com as mãos; e o seu caminhar tranquilo e engraçado, cheio de pensamentos só seus. SEU. Tudo de alguma forma sempre acaba sendo tão seu… E isso talvez não me encante mais. A verdade é que não quero mais.
        Mas fica bem, meu bem. E se ainda assim preferir, volte. Volte mesmo que for para me fazer sofrer um pouco mais. Volte com suas antigas certezas, e me mostre estar errada. Quem sabe assim, eu esqueça, que você já tem um outro alguém.

        Eu ainda acredito em um final feliz…


( C. Chriss - 11/12/2012 – 03:26h )

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Rabisco no canto da página 2...


Hoje te encontrei, moço. Encontrei porque não tive coragem de voltar para a antiga casa. Encontrei, porque te procurava em cada canto, dentro de cada sorriso morno. Encontrei, porque no mundo não existe alguém que me faça tanta falta como você. Encontrei porque no fundo, ninguém me faria tão feliz… E porque no meu peito brotou de novo a esperança, de que algum dia, nós pudéssemos dar certo.

 ( C. Chriss - 04/12/2012 – 23:42h )

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Voltando a rotina


Voltando a rotina


        É meu bem, eu não me cansei de esperar. Esperei até o último minuto, para poder olhar em seus olhos de joias e com coragem, pedir para que, por favor, fique. Essa era uma noite especial: A lua se preparava para um eclipse. Tão linda estava, que parecia ter se vestido para um baile. Isso me fez pensar se ela saberia, que a meia noite, olhares mil a contemplariam ao mesmo tempo, curiosos e ansiosos pelo show que daria. Então, naquele momento, eu podia te sentir chegando. Podia sentir o seu cheiro de colônia de barbear e o perfume que vinha dos seus cabelos. Podia ouvir seus passos aflitos em um caminhar com hora marcada, e o coração acelerado por culpa do atraso.

        Uma chave de carro pendurada no bolso, coisas jogadas em cima da mesa, pessoas que conversavam barulhentamente sem perceber que algo tão esperado estava para acontecer. A janela aberta, deixava entrar a luz da lua, e eu me deliciava com os pensamentos que guardei para aquele dia.
        E então, moço, não entendi o porquê de ter desviado o olhar para que não encontrasse o meu. Não entendi a frieza das palavras, e nem o motivo de ter fingido que nunca me conheceu naquela estrada. Não entendi a indiferença, não entendi a calmaria, não entendi as comparações insanas, não entendi o sorrisinho falso me ofertado em uma noite em que tudo parecia tão verdadeiro. Mas a verdade mesmo, é que nunca te entendo. E será melhor para minha sanidade não entender.
        Hoje não quero mais ver a lua. Confesso que gosto quando ela é só minha, quando sorri para meus pensamentos bobos, e hoje, não tenho pensamentos meu bem. Os que levo, são tristes, e hoje ainda é uma noite importante. Mas, não há o que lembrar. Somos uma mentira. Somos feitos de promessas não cumpridas.
        Conformada – ou nem tanto assim – em te perder novamente, volto por uma mesma estrada, que agora, vigia-me com olhos tortos e comentários enfurecidos. Talvez se pergunte o porquê de tantas idas e vindas. Não me importo. É dia de chorar até amanhecer, acompanhada por todos os discos que eu puder ouvir. Vou me encher de Beatles, somente para te contrariar. E quando me perguntarem o que houve, vou dizer que perdi alguém querido, e eles acreditarão. Afinal, moço, coincidentemente, hoje faz onze anos que George Harrison se foi.

       ( C. Chriss - 29/11/2012 – 04:04h )

Entre despedidas e voltas


Entre despedidas e voltas...


“Hoje não é um dia para escritas doces. Hoje o moço resolveu sair, ir atrás de novas aventuras e esqueceu-se de deixar o coração da moça, que ela havia entregue à ele... Hoje o moço não chegou... Não voltou... Não apareceu... Mas a lua, companheira de todas as horas, mostrava-se linda!

Foi o consolo da moça, tão desolada que por todos os cantos esperava que o moço voltasse, trazendo de volta seu coração... Ou que apenas desse a mão para ela e a levasse junto para suas aventuras... Um sonho a dois. Porém a tão pobre moça ficou apenas com o sonho da lua.
Admirada, de alguma forma pôde sentir que o moço a amava. Mesmo que não fosse o amor de antes, teve certeza de que a saudade também o tinha visitado. Quem sabe a saudade não o trouxesse de volta? Cansaria ela de esperar seu moço que nunca chegava? Com certeza não. Viveria seus dias para esperar um amor que não vem, um calor que nunca chega, um moço que partiu sem razão. Ao ver a lua tão linda, pensou em todas as vezes que escreveu sobre ela e sobre o amor, e assim concluiu que valia a pena esperar...
E a sua tão sonhada volta realmente aconteceu, o moço também sentia saudades de sua amada e sabia que por mais que as suas aventuras valessem a pena, jamais se sentiria bem se estivesse só, e que a lua era muito mais bonita sendo admirada a dois, e brilhava cada vez mais forte com poesias ditas apenas em olhares... Sim era um final, não de conto de fadas, mas o final que a moça apaixonada sonhava!”

( Aiene Dias e C. Chriss - 28/11/2012 – 23:29h )

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Voltei... pra estrada.


Voltei… pra estrada. E volto quantas vezes precisar...


        Tomei da estrada aquele moço, e chamei-o de meu. Por dias eu não podia pensar em outra coisa. É estranho saber que me desfiz dos sentimentos que me habitaram por tanto tempo… Será mesmo que me desfiz? O velho moço já tem um outro alguém, e o tempo de tristeza – talvez por isso – vá passando mais depressa. Ouvi falar que logo a gente se acostuma… ou pelo menos finge que acostuma. Fingir é o que tenho feito de melhor. Ultimamente finjo que não ligo, finjo que não sofro, finjo que não lembro e que não penso mais. Finjo que não choro, finjo que não vejo, finjo que não dói e finjo que não finjo.
        Enfim, voltei para ver o novo moço. Moço perfeito que criei enquanto andei perdida por aí. A estrada parecia tão cheia de nada que me enjoou. Eu estava no lugar do moço. Agora, era eu que partia, que deixava a casa, que ficava transitando entre “adeus e boas vindas”. Era eu que levava na mala a esperança de um futuro tranquilo, cheio de poeminhas com rimas idiotas. Esse pensamento me entristeceu pela única diferença entre eu e o moço: não havia ninguém me esperando voltar. De certa forma, era melhor assim.
        Então, parti cheia de certezas, a procura do meu moço idealizado, que me amaria e me contaria histórias engraçadas olhando para o chão por causa da timidez. Que falaria difícil, e riria de mim quando eu confessasse que odeio refletir sobre a vida e os valores morais.
        Com esse sonho, caminhei tão distraída, que nem percebi que havia passado o ponto de parada. Passei sem me dar conta, sorrindo sozinha quando o pensamento permitia, e arriscando corridinhas desengonçadas, só para sentir o vento bater com mais força no meu rosto e bagunçar os meus cabelos, de uma forma única, que eu não conseguia imitar. Então, tive a impressão de que eu não queria mesmo parar… estava encantada. Assustei-me ao perceber que me abandonei de novo, para ser de outro alguém. Não importa mais.
        A mala era pesada, e algumas coisas foram ficando pelo caminho… Eu me sentia tranquila em saber que um dia, alguém passaria e recolheria um sorriso que eu já não precisava, ou um carinho que se perdeu no meio fio, um adeus na calçada… ou que pisariam sem querer, nas gotas de amor não correspondido, que fiz questão de deixar cair.
        E foi assim
        Não encontrei o meu moço aquele dia. Então, esperei por ele.
        Não o encontrei no próximo dia. Então esperei…
        Também não o encontrei no próximo, e nem no próximo…
        E sabe-se lá quando eu vou me cansar de esperar.

( C. Chriss - 23/11/2012 – 01:18h )

sábado, 17 de novembro de 2012

Sonho na estrada Maria H³


Sonho na estrada Maria H³


        Não aguentei esperar que você sentisse a minha falta e voltei. Voltei antes do tempo esperado e tudo continua do mesmo jeito. Voltei sem pedras nas mãos, juro. Mas as que encontrei no caminho, me machucaram e fizeram sangrar o meu peito.
        Além de pedras, encontrei um novo moço. Moço bonito de traços ocultos, cujos olhos eu quis admirar e rir, só pra ver se me pertenciam. Parecia você… Só que mais tímido, e com os cabelos longos bagunçados encantadoramente. Evitava meu olhares, desviando para o chão a todo tempo, e o seu rosto ficava rubro, toda vez que eu insistia em repará-lo. Tinha os cabelos salpicados de chuva como o meu, e ar de pressa, como se sempre tivesse algo mais importante a fazer. Por um momento, me pareceu que em seu peito houvesse um coração angustiado, e sem motivo algum, tive certeza de que era por minha causa. Não me evitava a toa… havíamos nos magoado. Então, limitei-me a sorrir e assentir, ouvindo-o falar com pausas musicais, vacilos na voz e opiniões contrárias as que eu esperava. Mas era puro, e carregava sinceridade consigo. Levava às mãos a boca continuamente, como se pensasse ter dito alguma besteira, ou como se tivesse se esquecido de que eu continuava ao seu lado o ouvindo falar. E então eu sorri ainda mais sinceramente, ao ver suas meias coloridas em tons de azul e branco, e me perguntei, o que faria tão lindo moço usar meias coloridas.
        Confesso que voltei para vê-lo, sem acreditar que o encontraria. Mas lá estava ele, moço estranho e sorridente, que escondia os seus lindos olhos atrás de lentes circulares e se autodeclarava distraído. Tão distraído, que mal percebeu que eu o buscava e o seguia em toda parte, ansiosa para lhe dizer que estava ali por sua causa. Isso não foi dito a ele, e sei que nunca chegarei a dizer. Os cabelos continuavam salpicados de chuva, negros como os olhos, como a camiseta que usava… como a noite que mal havia começado. Conversava com amigos alegremente, enquanto eu o observava cheia de perguntas. Parecia totalmente protegido da música e do ambiente, que não combinavam em nada com aquele corpo que ali estava. Encantei-me por olhos que me lembravam os seus, meu bem, e pela possibilidade de amar alguém que não fosse embora a todo tempo. Mas ele não me pertencia, assim como acho que você e o seu amor já não me pertencem.
        E então retomei a estrada. Havia me esquecido que pretendia voltar. A noite me engolia a cada passo, e o coração se acelerava com a lembrança da nossa casa, que vazia, esperava ansiosa para me acolher. A chuva fina me acompanhava no regresso, molhando os cachos do meu cabelo, que caíam como uma cortina negra em meu rosto, e eu não me incomodava. Voltei cheia de histórias, de sentimentos novos que recolhi, e sorrisos sem graça alguma.
        Eu estava certa, a casa permanecia vazia. Estava ainda mais vazia do que quando a deixei, prometendo não voltar tão cedo e sem você. Os poeminhas chorosos ainda continuavam amontoados no canto da mesa, com exceção de alguns espalhados pelo chão, que voaram com o vento quando abri a porta. Tudo estava no mesmo lugar, até a saudade que eu havia deixado ali, passeava tranquila por cada cômodo, dando a estranha sensação de que talvez, você não sentisse mais a minha falta. E acho que não sente mesmo. Dessa vez, você não vai voltar.
        Então começo a pensar em como seria se eu também não voltasse. Começo a pensar no moço da estrada, e se eu o veria de novo. Começo a pensar em como seria, se eu parasse de escrever sobre você: se voltaria apenas para brigar e retomar o seu lugar, ou se não se incomodaria, como se não se importasse mais com o que eu penso.
        O silêncio aqui se faz tão assustador, que o martelar do ponteiro do relógio velho me assusta a todo tempo, e o bater da chuva fina nas nossas janelas me faz tremer e lembrar de que a rua lá fora continua deserta. Dessa vez, moço, não prometo, mas talvez eu vá mesmo embora. Vou embora do que sobrou da nossa vida. Vou partir porque não quero colecionar febres e nem ficar te procurando em outros moços por aí.
É tarde, meu bem, e nosso amor voou. Escapou por entre os nossos dedos, quando pessoas sãs tentaram acabar com nossa loucura, e tomaram o meu lugar. Então, agora, quem se retira sou eu. Estou desistindo amor; abandonando o barco, ou chame como quiser. Afinal, corações vazios por aí, encontrarei jogados aos montes… e então contarei de você, e do moço da estrada, que tinha os seus olhos. Falarei da lua, e dos versinhos que compus para o final daquela sua canção em tom de C, que eu não cheguei a tocar pra você. Falarei do quanto nos amamos, contarei histórias em meio a sorrisos - coisas que ninguém acreditará - e vou chorar sozinha, relembrando de quando jurei que dessa vez, seria eterno.
        Daqui pra frente vou me martirizar aos sábados, trazendo à lembrança a primeira vez que você partiu; e a tristeza virá me visitar. Mas tristeza passa, moço… E então, na segunda, fingirei estar bem e feliz, sorrindo como antes, e com o mesmo coração vazio que tinha, antes de te encontrar por aí; só que agora, ele está partido, e eu, sem vontade do café amargo pelas manhãs…


( C. Chriss – 17/11/12 – 01:16h )

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Só para me desfazer de sentimentos...


Só para me desfazer de sentimentos…



Era noite, tudo estava triste… e então choveu.
        Choveu como nunca havia chovido antes. Mais do que como uma chuva de verão. Choveu em mim, choveu no meu coração… Ah chuva…
       
Furiosa, ela sacudia as janelas e fazia com que as árvores se prostrassem lá fora. Suas mãos eram puro vento, e os olhos, clarões que apareciam no acaso, e que eu abominava solenemente. Mas ela insistia, e mais imponente ficava à medida que eu me encolhia sozinha em um canto.
        O medo fez com que eu arrancasse os sentimentos do peito, e os colocasse na terra encharcada, a fim de que fossem levados embora ou apenas esquecidos ali. E então, no ultimo minuto, resolvi poupar a saudade. Ela ficou, mas prometi para mim mesma que para dentro do peito, ela não voltaria. Então, conservou consigo o cheiro de chuva, me lembrando a todo tempo que poderia e deveria ter ido embora como os outros.
        Acomodei-me em um canto frio, até perceber que encharcada mesmo, estava eu. Encharcada até os ossos de pura melancolia, e então ela chegou… Consumindo-me de dentro para fora, estava a tristeza, que eu havia esquecido de mandar embora. Trouxe consigo as lembranças de um moço que há tanto havia partido; me esquecido… e sumido. Ou será que a lembrança do moço é que me trazia tristeza? Não… A tristeza vem do vazio que ficou, e do colorido que não vejo mais.
        A cidade dorme enquanto o céu desaba, e eu, faço promessas ao vento de não voltar a procurá-lo. São mais promessas vãs que se acumulam. Sei que o dia ainda não terá nascido, e eu já terei sumido na estrada, implorando por notícias, e pedindo um velho regresso como antes. Mas agora, não. Morrerei por segundos em promessas falsas e devaneios toscos; em chororôs de esquina e coisas clichês. Devorarei livros rasgados e me perderei em palavras soltas. Me amarrarei à velha escrivaninha e esperarei a chuva passar, sem lágrimas, sem discos velhos… sem culpa.
        Não houve derrota.
        Os pensamentos, deixarei aqui.
        Desfiz-me dos sentimentos, estou pronta. Dessa vez, sou eu que vou embora…

        … torcendo para que me procure.


        ( C. Chriss - 14/11/2012 – 03:01h )

sábado, 10 de novembro de 2012

Amor em dois atos


Amor em dois atos



A lâmpada do nosso abajur, já fraca, clareia timidamente a mesa onde tem você: cartas, textos, projetos, ideias… De novo, só a caneca de café – agora frio – que teima em pousar sobre suas coisas, como que para me fazer lembrar onde passei a noite. Alguém não dormiu… Alguém não dorme há muito tempo. Teria você decidido ficar?
        O papel amarelado dos envelopes não abertos fica mais áspero a cada dia. Várias cartas, nenhuma sua. Como queria que fossem! Castigo meus dedos passando-os por cada traço do papel. Quanta injustiça há em cada palavra dita e escrita. O instrumento de cordas repousa desafinado, ao lado de discos que costumávamos ouvir; e rio, ao achar “Beatles” por ali… Uma lembrança das várias brigas travadas entre você e “Lennon” me enche de saudade. Mas hoje não. Hoje a vitrola não faz seu chiado costumeiro. A agulha não percorre discos… Está desligada.
O silêncio aqui é evasivo, é triste; e ao contrário do que se espera, é cheio. Cheio das nossas promessas não cumpridas, do carinho negado, e do cheiro de solidão. Tenho medo de ficar aqui sozinha, amor, vivendo entre os fantasmas do nosso romance; mas ao mesmo tempo, me falta coragem para deixar nossa história aqui, como você fez, e partir pela mesma estrada em que vim. A diferença, é que agora não tenho bagagem…
Sofro e vou só.
Sofro e sou só.
Sou você em tudo o que falo e ouço. Sou você, porque também não gosto de despedidas… Não gosto do último beijo, do último abraço. Não gosto do aperto de mãos. Mas, esqueço o quanto você insiste em ir e voltar. Esqueço o quanto você chega invadindo tudo, e o quanto é curto o tempo em que você está. Esqueço que não tenho mais você pra enfeitar a vida, ou pra perfumar o jardim… Afinal, você sabe que as flores aqui crescem só de te ver chegar. Amor, pulamos de cabeça e agora não sei como voltar… Não sei se quero voltar. Quero apenas sentir o vento no rosto, e fingir que esqueci que já te perdi.
        Já é tarde, e não somos nós que sorrimos nas fotos em preto e branco espalhadas em um canto… São desconhecidos que me olham aprisionados em recortes de coisas que achávamos interessantes. Agora, são só figuras tristes, esperando para serem recolhidas e comentadas em um dia qualquer. A janela entreaberta deixa a mostra um céu com estrelas mil. Não me incomodaria de trazê-las, meu bem, se isso te fizesse mais feliz. Respiro o verão que há lá fora, pois aqui dentro, sem você sempre será inverno, e então, me permito sofrer um pouco mais. Alguém que caminha na rua, canta alegremente um blues, e eu o invejo. Anda tão distraidamente, que mal percebe os pingos de chuva que começam a cair… e se percebe, não se importa com eles. Chuva? Sim, talvez pela saudade e pela ausência. Então me agarro a coisas suas, como se quisesse colocá-las ainda mais dentro do peito, e choro. Mas hoje posso… Posso, porque acho que dessa vez, você não volta.
        Ei, amor! Se eu te procurar, diga “não”. Mande-me embora, assim como você foi, pois não quero mais sentir saudade do seu abraço, e nem quero saber que sente saudade dos cachos do meu cabelo repousados em seu peito.
        Os livros na estante acumulam poeira e anotações que você não chegará a ler. Entre histórias de Romeu e Julieta, estão textos antigos que não cheguei a terminar. Minhas esperanças de que você pudesse ter escolhido ficar já se esvaíram. Sua escolha já foi feita, e eu sofro, porque no fundo, sei que não escolheu a mim.

( C. Chriss - 09/11/2012 – 01:29h )

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por uma volta...


Por uma volta…


Talvez, tenha algo errado. Talvez algo tenha se misturado.
Talvez tudo tenha se equivocado e se perdido no caminho... Talvez, EU tenha me perdido no caminho. Mas é isso... Sempre te disse que andei perdida, amor, e nunca disse que não queria me perder. Perder-me em seus braços, em seus olhos… Em sua vida. Mas agora, talvez VOCÊ é que tenha se perdido. Mas nos perdemos sem medo, sem expectativas, sem receios, e, portanto, sem nenhum pudor. Sem crimes… sem culpa. Por uma vida inteira, o mundo foi todo nosso. Tão nosso… tão nosso… Agora a vida morta, e não me importa a lógica. Emoções contidas, palavras guardadas… Melhor assim. Melhor pra quem?
Sim, meu bem, eu trouxe o sol para mais perto da gente, porque achei que você desejasse tudo, menos o frio... E então, juntos, faríamos coisas de casais. Mas você não percebeu que era seu. E talvez o frio, estivesse intenso demais, para poder ser espantado. Talvez o artificial te interesse agora…
Entenda as palavras que transbordam além da caneta ansiosa no papel…
Amor, fica.
Mas não fica mais por mim. Fica por você. Fica por nós. Fica mesmo que a volta seja tardia, mas fica. Fica, amor… Mesmo que eu diga entre soluços que não te quero, mesmo que eu diga que não ouço mais aquele disco velho, fica pelos nossos dias! Fica pela vontade de continuar com nossas conversas sobre sorrisos e assuntos chatos. Fica porque o amanhã tá perto, e porque eu quero meu mundo colorido quando o acaso chegar… Se precisar, trocamos as resistências, abaixamos a guarda, e voltamos a acreditar em ‘felizes para sempre’, mas fica. Nem que seja porque eu te transpiro, e porque ainda não cumprimos nosso roteiro. Fica porque ainda não dançamos e porque me falta a delicadeza das suas mãos no meu cabelo. Fica porque meu coração grita sem explicação… É só ausência sua, eu sei. Não me acostumo e nem quero. Fica porque os desenhos agora são tristes, porque a lua hoje chora, e porque eu… te preciso.


( C. Chriss - 07/11/2012 – 01:56h )

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A dança do hoje


A dança do hoje.


A chuva branda transforma o que era silêncio em trilha sonora, molhando as janelas de um cenário especial – que agora, se faz colorido – e completando um encontro que há muito tempo era esperado. O cheiro da terra molhada entra por todas as frestas e preenche o lugar. A chuva imponente se assemelha a um soneto em um palco de sensualidade, sem chance de distração para ambos.
        Os namorados agora já não são pássaros, que voam todos os dias em direção ao pensamento amado, procurando se encontrar em lembranças felizes de coisas que viveram e que ainda vão viver. Mas, hoje não… Hoje estão juntos. Olham-se nos olhos, se tocam, se cuidam… se amam incondicionalmente.
        Hoje, os corpos compõem nova canção, em uma intensidade diferente e maior, fogem da escala… O relógio, marcador do compasso, é generoso. Usam sustenidos e diminutas. Dizem um ao outro palavras criadas somente para este momento; quase soletram… ninguém mais tem conhecimento. No íntimo, se encantam! …e cantam notas que não desafinam. Sonham com os olhos abertos, ouvem baixinho a felicidade chegar… Enxergam as marcas que a saudade deixou, e se perdem em meio a sorrisos, lembrança do cheiro de um perfume conhecido, e vontade de ficar ali… pra sempre. Estão sintonizados. Acham-se na certeza de um presente concreto, e de um futuro próximo e desejado… Perdem e ganham tempo se admirando com olhares ora cortantes, ora regados de girassóis.
As batidas dos corações podem ser ouvidas a distância… Mas hoje, essa palavra não existe mais. Hoje, os devaneios são bem vindos. Os sorrisos vêm das lembranças: não terão que se despedir naquele dia.
Os apaixonados se beijam nos lábios por vezes, e dançam conforme a melodia serena e tímida da chuva; se encontram no embalo de um final de dia tranquilo, e ao mesmo tempo, no desespero de quem precisa se completar e ser completado. Essa noite dormirão felizes, com a certeza de que os dois ainda estarão ali quando o sol aparecer de manhã levando a chuva embora. Os rostos, mantendo a transição de rubro, tornam o ambiente natural e belo… não querem acordar do sonho. Não querem ter que se separar.
Os olhos focados refletem a alegria contida nos tempos de espera… Agora, estão juntos, e nada cabe em um só… Nada cabe nesse cenário… Tudo enche cada canto, cada espaço… e então transborda. A casa não está mais vazia. Hoje, transborda carinho, e cheira a café com paixão.

( C. Chriss - 17/10/2012 – 01:58 h )

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Coisas de nós.


Coisas de nós.


É primavera.
E eu juro que tentei, moço, escrever algo que não falasse das tuas idas e vindas, da minha espera e do café amargo. Eu juro que tentei. Mas quer saber? Não consigo. Não consigo não falar do teu rosto lindo, apontar seus traços perfeitos, ainda que você jure que eles não existam. Não consigo ver beleza em outras coisas para escrever, afinal, ninguém trás tantos sorrisos guardados na mala como você.       
Não consigo esconder moço, o quanto gosto das suas manias de arrumar o cabelo, de apoiar o rosto nas mãos, ou ainda de cruzar os braços… Não deixo passar uma só mania, sem me admirar e sorrir com elas. Eu estava certa… Sempre estive! Você é felicidade.
Mas de qualquer forma, é estranho. Tudo continua vazio e cheio ao mesmo tempo. Vazio, pois não tem você, e cheio, pois minhas lembranças ocupam cada espaço, cada cantinho nosso, e enchem os discos da vitrola.
Acho mesmo é que desejo tirar do peito o medo, e engolir o desespero, de imaginar que um dia, você possa não mais querer voltar pra casa… Me pego pensando e querendo que você tivesse esquecido algo, qualquer coisa sem importância, mas que te fizesse voltar e dizer “não consigo viver sem isso. Voltei pra buscar”. E aí eu te contaria que as flores por aqui trocaram de estação… Nasceram no inverno, e agora, não nascem mais. Eu te contaria que anseio por um café doce, por um carinho quando escurecer, por uma canção tocada em acordes simples…
Eu sei, volto em cada frase já escrita, moço, volto porque os sentimentos ainda são os mesmos; só o cheiro do café é que agora me repele. Quem sabe um dia, o doce dos teus lábios traga de volta minha vontade de café, porque vontade de você, amor, aqui tá sobrando…
Então, que a primavera chegue de verdade, moço, com o sol e as flores, e principalmente, que traga você junto com ela…

( C. Chriss - 28/09/2012 – 15:49h )

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Amor crescente...


Amor crescente.


Olha a saudade batendo em minha porta, moço… Hoje ela bate. Não sei por que… Geralmente, quando percebo, ela já chegou. Na verdade, ela nunca vai embora… Sou eu que vivo me contradizendo.
Olha a caneca de café amargo em cima da mesa… De verdade? Prometi para mim mesma que não quero mais! Os papéis rasgados ainda estão empilhados no cantinho do quarto… há tanto tempo tudo aqui está fora do lugar! Está confuso, eu sei. Mas logo tudo se ajeita (inclusive os textos), prometo.
        Sento-me no chão lendo encartes de discos, dessa vez, a vitrola canta triste… Vou rabiscando qualquer coisa sem perceber. Eu deveria ter tomado aquela caneta do seu bolso, para agora encaixar um versinho no texto, dizendo que rabiscava formas descoloridas com uma caneta que era sua. Mas sempre tudo aqui dá um jeitinho de ser seu… ainda que não seja.
        Hoje, olhei para o céu por acaso, sem pensar na imagem que tanto admiramos (ou será que ela é que nos admira?), e veja só moço! A lua me sorriu. Sorriu com toda a sua graça, com toda a sua simpatia e beleza. Não estava cheia como em nossos devaneios, não me observava… não criticou meu andar apressado ou meus muitos pensamentos que há tempos não eram dirigidos a ela; ainda que eu tenha ficado triste, por não ter notado esse sorriso antes. Ela só sorriu. E eu devolvi o sorriso, amor, constrangida com tamanha elegância e imponência.
        E então, comecei a contar “coisas de nós”.
        Comecei a dizer o quanto é estranha a nossa história… O quanto as nossas cordas vibram na mesma frequência; o quanto descartamos a possibilidade de desafinar!
        Comecei a dizer o quanto nosso rádio sintonizava as mesmas canções e o quanto dispensava estática… Falei das nossas loucuras, dos nossos dramas, e das conversas sem sentido. Falei de você… e falei de novo! E fiquei falando… Percebi que ela me ouvia atentamente, serenamente. Então continuei narrando a história do casal de loucos apaixonados; história esta, que ela já conhecia.
        Contei dos poeminhas que escrevo, e dos acordes em que te monto todo dia no braço do violão. Eu sei, é clichê mais uma vez, mas é que ainda não consegui parar de recolher os seus sorrisos que ficaram pelos cantos da casa. Guardei um por um, mas toda vez que te lembro, eles se espalham, e às vezes prefiro que eles fiquem por aqui… me fazendo companhia… soltos!
        Contei como você passou a ter nome de amor, e mesmo assim continua sendo moço. Contra a minha vontade!
        Comecei a dizer o que sentia e porque sentia…
E foi aí, que comecei a achar que expliquei porquês demais, moço. Ela não me respondeu… E nem me sorriu mais! Talvez tenha se escondido atrás de uma nuvem, cansada de tanto ouvir sobre você… Talvez, tenha chegado a sua hora de partir, assim como todos temos a nossa. Mas talvez ela só tenha se cansado de sorrir, e como não estava cheia, eu não a notei mais por ali… Acho sinceramente que os porquês devam continuar em seu bolso, assim como ficou aquela caneta, que em agosto, eu queria só para mim.


( C. Chriss - 20/09/2012 – 01:53h )

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Licença para falar sobre você, moço! Mais uma vez…


        Licença para falar sobre você, moço! Mais uma vez…


        Não quero me contradizer, moço, mas hoje a casa está cheia. Está cheia de lembranças, pensamentos e saudade. Tudo o que é meu está por aqui, ocupando espaço demais… Mas falta o principal, amor: falta você que não vem… Que não chega… Então, a casa continua vazia.
        Discos dos Beatles ocupam a mesa que, antes, era cheia de textos sobre você… os textos agora estão por aí, amor, jogados em qualquer canto, por vezes esquecidos, por vezes perdidos… Sirvo-me de um café que me queima a boca, mas não me aquece por dentro. Renuncio esse amargo! Não, já não quero mais.
        Então vem! Traga as suas coisas e coloca junto das minhas! Vamos usar a mesma gaveta para guardar nossas roupas e sentar no chão à noite para ouvir L.U., acordando os vizinhos com nossas gargalhadas e comentários loucos. Vamos passar a noite toda acordados, tocando nosso amor em notas simples de violão e acordes de teclado… Vamos sentar na varanda para observar a lua, que fará questão de se esconder só para nos contrariar… Ah amor! Volta! Mas volta de vez para nossa casa, saia dos meus rabiscos e dos meus discos, pois não quero mais te montar em acordes; não quero mais te lembrar em poeminhas que ninguém entende, não quero mais ter que trocar as lâmpadas de casa sozinha… Vem, amor, traga o ócio em uma tarde de domingo, e o leve embora nas noites de sábado. Me cuide! Deixa que eu te cuide, meu bem. Deixa-me distribuir “bom dia” pelas ruas, sabendo que meu dia só é bom, por causa sua. Deixa solto pela casa aquele seu olhar seguro, de modo que eu possa encontra-lo sempre que procurar em qualquer canto.
Veja só! Tá sobrando saudade… e faltando muitas coisas… Mas eu sobrevivo, afinal, moço, já é setembro, e o inverno tá indo embora!


( C. Chriss -  17/09/2012 – 16:40h)

Últimos minutos.


Últimos minutos.

A lua se esconde tímida atrás de nuvens de chuva, buscando refúgio, em uma noite que terminou cedo demais, sem despedidas. Estaria ela nos observando as escondidas?
As pessoas nas ruas parecem não notar a aparente tristeza que há nos olhos dessa apaixonada: Não pude dizer a ele hoje o quanto o amo. Mas não há problema! Ele sabe. Sabe que eu o amo, e o espero.
A brisa que agora toca meu rosto, me faz lembrar de palavras ditas em outro momento do dia. Fecho meus olhos, e sinto… Sinto apenas. Em silêncio, faço uma oração… Sim, esse é meu pedido!
Ah vento! Toque-me! Toque a ele! …e leve um beijo meu. Sussurre em seu ouvido tudo aquilo que eu ainda queria dizer hoje, e não pude. Faça com que ele se sinta envolvido, amado, ou que pelo menos feche os olhos assim como eu, e agradeça por ter sido tocado também! Que nesse momento, ele não sinta frio, não se sinta incomodado com sua presença. Que ele me ouça dizer “eu te amo”, que sinta o meu perfume, levado com todo o cuidado até ele, e saiba que aqui, alguém queria estar no lugar dessa brisa, o abraçando, envolvendo, beijando. Que por pelo menos alguns segundos, essa distância física seja vencida, faça com que ele se sinta perto de mim; que tenha certeza que essa brisa chega até ele cheia de lembranças de um regresso, transbordando carinhos, e com os sentimentos de alguém que gostaria de ter dito “eu te amo”, antes que nossa noite terminasse. Então vá depressa, vento! Vá e toque aquele moço… Não um moço qualquer, mas, o meu moço! Aquele a quem tantas vezes já lhe falei por essas madrugadas; aquele que leva consigo um sorriso que eu adoro, e que é a causa do meu. Aquele que me tira o sono! Sim vento, leve meu beijo até ele ainda nessa noite, e murmure palavras de saudade na sua janela, por todo o tempo em que eu não estiver por perto.
Como eu queria voltar alguns minutos atrás! Talvez, quem sabe, cortar alguns risos meus e palavras desnecessárias, somente para poder ouvir mais vezes o riso dele, e para dizer o quanto ele é importante em minha vida. Quem sabe o silêncio não fosse preenchido com tudo aquilo que eu tanto desejava dizer a ele hoje… Antes que a cor do dia se esvaísse… Antes, que a pior parte do dia chegasse… Antes que a nossa ligação terminasse.



( C. Chriss -  28/08/2012 – 20:58h )

Ainda em agosto...


Ainda em agosto…

"... O sol vai se pondo de mansinho, os pássaros já levantam voo, felizes, como que agradecendo por mais um dia que vai terminando. O moço, se torna terceira pessoa, para alguém que se lembra do dia da sua volta, e que rabisca uma folha qualquer que encontrou para escrever, com uma caneta que mais borra que escreve. Mas na verdade, quem liga? Onde estaria agora o meu amor? Teria ele olhado para o céu, a procura de algo que o fizesse lembrar de tão linda noite de agosto, onde gostos se misturavam, e, onde apaixonados, os amantes e ouvintes de boa música, leitores de bons livros, e apreciadores da lua e das palavras, se encontravam e sentiam o amor um do outro? Teria ele também hoje, pensado em tão perfeito dia? Sei, que as vezes a gente se perde… Se perde em meio a devaneios, lembranças de carinho e cheiro de café com saudade. Mas logo a gente se encontra! Os reticentes se encontram um no outro, se encontram no que há de igual, se encontram em sonhos e planos para o futuro. Quase posso ver os sonhos do moço daqui; já posso os sonhar também, sem que ele saiba disso. Já me vejo exigindo aquele sorriso que mudou o meu dia em uma noite de agosto, e minha vontade é de dizer para ele, que uma xícara de café amargo, já não satisfaz meu dia pela manhã. Tenho necessidade e vontade do doce! Do doce dos lábios dele… Do doce que ele trás consigo na mala. Tenho necessidade do colorido que transborda, do amargo indo embora…”



( C. Chriss - 28/08/2012 – 15:14h )

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Déjà vu


"E talvez, ficar assim... em um dia como hoje, só eu e você. E eu vou te fazer sorrir, vou brincar com a sua roupa, e vamos perder o fôlego. Talvez, por causa das brincadeiras, talvez, por causa do nosso amor... Como dois apaixonados, só teremos um ao outro. Sem medos, receios... nada! Só certezas, só carinho. E assim, vamos nos amando. Cada dia de um jeito diferente, e ao mesmo tempo, tão igual. E eu vou me preenchendo com cada gargalhada sua, com cada mania, com cada gesto, cada gosto. Gosto meu, gosto seu... Vou me amparando nos seus braços, braços que me envolvem e me cuidam... Braços que me puxam para si pela cintura! (...) Como quero esse abraço... Me ame, amor, me cuide... Seja assim... Seja meu!"



 (C. Chriss - 24/06/12 - 02:06h)


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Um amor e um café, quentes por favor!


Sobre amores... e café! 


Um lindo dia, para quem já bebeu saudade nessa manhã... E já sentiu o café, talvez um pouco amargo, e com gostinho de distância... Sim, amor, o café não foi tão doce. Na verdade, nunca foi, já que não tem o seu gosto.
Talvez um dia, o gosto seja doce também pra você. E assim, seremos dois embebedados de saudade, e simplesmente cheirando a café de manhã e amor. E vamos nos sentar juntos para ler as notícias do dia, você no chão, eu no seu colo, e vamos rir das opiniões divergentes, tendo cada dia mais a certeza de um amor colorido. O gole de café é só para aquecer o coração que te espera ansioso, e para afastar dos olhos, as lágrimas tão rejeitadas. E de qualquer forma, amor meu, eu tenho que agradecer por todas as vezes que despertei de um sonho sorrindo, ou ainda por todas as vezes que me lembrei das flores que não nascem em maio ou agosto, mas que nesse ano, nasceram imponentes… Afinal, são raras as flores que nascem no inverno…

( C. Chriss -  16/08/2012 – 15:44h )

domingo, 9 de setembro de 2012

Estradas

        Estradas



Aquela despedida não devia durar tanto.
Em poucos minutos as minhas roupas já estavam guardadas e os meus poucos pertences, reunidos. O ultimo banho naquele lugar se fez demorado… a água já não era tão quente como antes. Lembro-me de como seus olhos pareceram me procurar naquela noite, e de como me senti quando eles encontraram os meus. Eu não queria que fosse a hora! Talvez fosse cedo demais… Ou tarde demais pra se despedir…
Uma última xicara de chá naquela cozinha… Já não tinha o mesmo gosto. O chá que antes parecia doce e puro, tem agora gosto de angústia, tristeza, ou talvez, apenas saudade. Fica no meu peito uma culpa: não tomamos nosso ultimo chá juntos. Os porta-retratos vazios espalhados pela casa me lembram das muitas promessas que fiz, de colocar as nossas fotos ali… Mas são promessas que nunca cumpri, e por isso, me arrependo. Não vou leva-los comigo… nem as fotos. Talvez, eu nem mesmo as tenha mais. Algumas rasgadas, outras perdidas pelos cantos… agora, tanto faz…
Ao me olhar no espelho já não me reconheço. Como mudei. O cabelo despenteado, os olhos cansados… talvez você não mais me reconhecesse. Nem eu reconhecia. Consequências de noites mal dormidas, preocupações sem fim, e falta de você.
Na nossa varanda tudo parece triste. As árvores já não são tão verdes, e o cheiro das plantas não é mais o mesmo. As gotas de orvalho já não são tão interessantes para mim… mas quem liga? Realmente é hora de partir.
A estrada parece infinita. Eu tenho agora caminhos para escolher. O violão nas costas me condena: sou mais uma apaixonada insatisfeita. Ah… como eu queria naquela noite pedir que me levasse com você, moço. Como eu queria ao menos pedir para que ficasse… ficasse ali, ficasse comigo. Nem que fosse por apenas mais um dia, ou mais um mês… pra sempre.


( C. Chriss - 31/05/2012 – 03:07h )

Esperando...


"E enquanto você não vem, sua presença fica assim... nos últimos livros que li, nas folhas rabiscadas cheias de anotações de amor incompletas, no último texto que escrevi, e por sinal, é seu. Na música que ouço todo dia no mesmo horário... Ouço, porque me faz lembrar de você e da nossa saudade... e assim vou cantarolando baixinho, tentando dar sentido para um dia que é seu. Seu em pensamentos; seu, em carinhos que não terei hoje... Seu, porque todas as coisas aqui são suas. Então, venha! Vem e toma conta do que é seu. Coloca no lugar essa desordem, ajeita o meu coração! Traz esse sorriso que me fascina, e eu estarei feliz. Põe a sua mão na minha, e deixa eu te mostrar que será assim pra sempre, eu vou estar esperando você voltar a cada segundo, talvez na janela, talvez na escada... Talvez por acaso! Mas cheia de saudade e sentimentos novos, cheia do nosso carinho! Então, vem! Vem amor, chegue agora, e me pegue te esperando!" 


(C. Chriss - 20/06/2012 – 10:31h)

Neblina e solidão


         Neblina e solidão

 (...) Naquela noite eu resolvi abrir a janela do quarto, e observar o que acontecia do lado de fora, enquanto as pessoas dormiam… Estaria você acordado também? Ou será que dormia tranquilamente, sonhando com alguma garota que não fosse eu? O silêncio daquela noite me sufocava… ela já não me parecia tão bonita como nos outros dias em que a contemplei: uma neblina começava a se formar no céu sem estrelas. Estava frio, mas isso não me importava. Eu tinha vontade de sair… ir para qualquer lugar onde você não estivesse, onde não pudesse me achar. Ou ainda, um lugar onde não existisse você e toda essa solidão. Solidão que eu não queria! Mas que você insistia em me fazer mergulhar, cada vez mais fundo.
        Meu modo de olhar o céu fazia apenas com que surgissem mais pensamentos. Logo, eu estava imaginando, como seria se você estivesse também pensando em mim agora… Como seria, se você estivesse também olhando o céu, a procura de estrelas que não existiam naquela noite, e a espera da lua, lua que não viria nos visitar? Talvez ela também estivesse triste, querendo se esconder entre as nuvens, sem ter vontade de ver mais uma apaixonada, que chora na janela, pensando no seu amado… Seu, ou talvez nem tanto…
        Ah! Como eu queria fazer como a lua… Me esconder entre as nuvens a procura de refúgio. Onde eu pudesse lhe observar, sem que soubesse disso. E então, eu não precisaria escrever sobre você, pois você é que escreveria sobre mim, em um texto cheio de elogios, exaltando a minha beleza. E quando fosse noite, eu iria clarear o céu, entraria por sua janela para ter o prazer de te ver dormir, e ficaria ali… Por horas e horas, vigiando sua respiração, seu sorriso vindo de um sonho bom, e você não saberia. E eu te amaria a escondidas, te amaria como nenhuma outra apaixonada seria capaz de amar, te amaria sem você saber. E quando amanhecesse moço, com hora marcada, eu iria embora… Deixaria o sol brilhar, e não teria a dor de te ver amando outro alguém, para poder na noite seguinte, voltar a sua janela, e mais uma vez te observar em silêncio, como um amor platônico, que acontece todas as noites. Até que chegaria o dia, em que eu iria te visitar, e você não estaria dormindo… Estaria na janela, me esperando chegar. E eu deixaria a luz tocar a sua pele, veria a mim mesma refletida em seus olhos, e choraria quando chegasse a hora marcada, hora de partir e dar lugar ao sol. E então, eu viveria os dias para esperar a hora do nosso encontro, para poder por algumas horas, me sentir importante para você, e talvez, conseguir te arrancar um sorriso, sorriso esse que eu tanto amo.
        Mas eu não sou a lua, moço. Então, durma bem, enquanto eu passarei mais uma noite pensando em você, olhando o céu da minha janela, e imaginando como seria bom, se você também estivesse pensando em mim…



( C. Chriss - 05/05/2012 – 00:43h)

Despedida


Despedida.

 Certas coisas me apertam o coração... Um sorriso diferente, momentos onde as palavras faltam e os olhares se completam... Vontade de dizer algo, e ao mesmo tempo, não dizer... Vontade de abraçar e não soltar mais... Ou ainda, de não abraçar, para não ter que soltar. Eu compreendo olhares, eu sei ler expressões... E gostei muito do que vi.
Aquele seu sorriso de lado, o silêncio que se seguiu… deu vontade de pedir para que ficasse. Sem interesses, sem explicações. Apenas ficasse, e sorrisse para mim mais uma vez. Gestos que não são notados pelos outros: um simples toque das mãos, ou ainda, seu olhar que se encontra com o meu, em momentos que não esperamos. Ninguém parece perceber o encanto, a magia, que faz questão de se fazer presente. Seria essa magia só minha? Quanto tempo mais me restava para sentir sua presença ali, para poder te olhar - ainda que impercebível - e mais uma vez confrontar com meus pensamentos, em uma briga mortal entre minha mente e meu coração, razão e sentimento? Você parecia fugir de mim a cada vez que isso acontecia.
O frio parece intensificar aquilo que já se faz tão intenso. Minhas mãos estão geladas, mas esse frio não vem da noite. Esse frio vem daquele olhar, daquele gesto, daquela magia. Sentimentos que tento esconder, mas que vão além de mim. Minha mente mostra seus argumentos: “Coração insensato!” Ela diz… Ele não se importa. Os sentimentos tomam ainda mais conta de mim… Ocupam cada canto do meu ser, até que a minha mente se dá por vencida. Já não posso mais pensar. Não posso mais esperar. E assim acontece a despedida… Um abraço que foi esperado por toda a noite, um beijo no rosto, que agora não sai mais dos meus pensamentos, e tristeza, por ver a distância se aproximando lentamente, tão disposta a ficar… Quanto tempo? Tempo suficiente para me enlouquecer, fazer você fugir de mim mais uma vez, e levar embora todas as minhas esperanças.




( C. Chriss - 01/05/2012 – 23:40h )